Eleitores em Minas vão votar em palco de protesto; polícia espera bom senso

Raul Mariano e Tatiana Lagôa
primeiroplano@hojeemdia.com.br
27/10/2016 às 07:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:24
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Um acordo entre o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o governo de Minas e o movimento estudantil secundarista garantiu que os alunos que ocupam escolas no Estado poderão manter o protesto nos locais durante a votação do próximo domingo. Em Minas, estão ocupadas 66 escolas, sendo oito delas somente em Belo Horizonte. Os estudantes protestam contra a chamada PEC dos Gastos e a reforma do ensino médio.

Pelo acordo fechado ontem, os alunos se comprometeram a não interferir no processo eleitoral ou atrapalhar o trânsito de eleitores nas escolas que abrigam zonas eleitorais. E as autoridades garantiram que a Polícia Militar só agirá se for acionada pela Justiça Eleitoral. 

Estadual Central

O ponto de maior tensão é a Escola Estadual Milton Campos, conhecida como Estadual Central, onde votam o senador Aécio Neves (PSDB), o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e os candidatos Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB). Os dois últimos disputam o segundo turno das eleições em Belo Horizonte.

Segundo informações do TRE, o acordo determinou que haverá delimitação do local de mobilização dos estudantes nas escolas ocupadas para que o fluxo dos eleitores possa acontecer sem interrupções. Além disso, o movimento não será estendido para outros colégios estaduais no dia do pleito.

Na reunião, os representantes do movimento estudantil se comprometeram a orientar os estudantes do ensino médio quanto aos impedimentos relacionados à manifestação político- partidária no dia da eleição e à chamada “boca de urna”, previstos na legislação eleitoral.

Aposta

O promotor eleitoral Edson Resende explicou que a expectativa é que a votação transcorra com tranquilidade, mas ainda assim os cuidados com a fiscalização serão intensificados. 

“Esperamos que não haja imprevistos. A maior preocupação é com as manifestações de hostilidade ou de adesão aos candidatos. Isso sempre desperta nossa atenção mesmo quando não há uma ocupação no local de votação”, explica.

Hoje, além do Estadual Central, estão ocupadas em Belo Horizonte as escolas estaduais Santos Dumont, Ari da Franca, Professor Ricardo Souza Cruz, Maria Carolina Campos, Juscelino Kubitschek de Oliveira e Geraldina Ana Gomes.

Interior

e acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), existem escolas ocupadas também nas cidades de Juiz de Fora, Alfenas, Almenara, Araçuaí, Campestre, Caxambu, Coronel Fabriciano, Esmeraldas, Itajubá, Ituiutaba, Janaúba, Paracatu, São Sebastião do Paraíso, Três Corações, Araguari, Arinos, Diamantina, Divinópolis, Espinosa, Montes Claros, Salinas, Unaí, Poços de Caldas e Uberlândia.

O capitão Flávio Santiago explicou que a atuação da Polícia Militar nas ocupações só será feita em apoio ao TRE-MG e o procedimento será o mesmo tomado no primeiro turno. 

“A polícia fará o translado com as equipes do TRE para coibir crimes eleitorais. Depois das votações, voltará para o ponto onde as urnas saíram para a computação dos votos”, explicou. 

João Leite responde ao desafio de Kalil e mostra documentos

João Leite (PSDB) contra-atacou ontem, depois de ter sido desafiado por Alexandre Kalil (PHS) – no debate de terça-feira da TV Alterosa – a provar que Adriana Alves Madureira foi empregada da Erkal Engenharia, empresa do ex-presidente do Atlético. 

O tucano postou nas redes sociais uma cópia da carteira de trabalho e uma guia do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que comprovariam o vínculo empregatício entre Adriana e a empreiteira. Também publicou um vídeo em que Adriana rebate Kalil. 

No debate, o candidato do PHS garantiu que Adriana jamais havia trabalhado para ele. “Ela não tem carteira assinada por mim porque ela é uma empresa. Nunca conversei nem três palavras com ela”, disse. E foi além, lançando o desafio: “Bota a carteira dessa moça que eu não conheço, nunca vi na minha vida, no seu site”, provocou.

Em resposta, além de apresentar os documentos, João Leite postou nas redes sociais um vídeo em que Adriana mostra, inclusive, uma procuração, supostamente assinada por Kalil, direcionada à Procuradoria Geral da União, autorizando-a a representá-lo pela empresa.

Documento

Na carteira apresentada consta que Adriana teria trabalhado na Erkal Engenharia de 5 de maio de 2014 a 5 de junho de 2015 – ou seja um ano e um mês. 

Por telefone, ela confirmou a veracidade dos documentos apresentados na campanha. 

“Eu fui coordenadora de RH dele. Agora estou sendo hostilizada, chamada de mentirosa nas ruas. Minha família está acuada”, desabafou. 

Adriana foi apresentada pela campanha de João Leite em um vídeo postado nas redes sociais e na televisão na última segunda-feira. No material, Kalil é acusado de não informar à Receita Federal o contrato dos funcionários. 

Procurado ontem, Kalil não se pronunciou sobre o conteúdo do material divulgado pelo rival tucano. 

Nova pesquisa aponta empate técnico entre candidatos

Pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Datafolha mostra empate técnico entre João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS). O empresário ficou com 34% das intenções de voto enquanto o tucano obteve 31%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Levando em conta apenas os votos válidos, excluindo os nulos e brancos, Alexandre Kalil fica 52% das intenções e João Leite, com 48%. Na última pesquisa, divulgada pelo instituto em 11 de outubro, João Leite estava na frente com 55% a 45%. 

A nova pesquisa mostra que 20% dos eleitores pretendem votar branco ou nulo. Outros 14% disseram não saber ou simplesmente não responderam. O instituto ouviu 1.119 pessoas em Belo Horizonte na última terça-feira. 

Quando analisados os dados por segmentos, Alexandre Kalil fica à frente entre os homens (59% a 41%), eleitores com nível médio de escolaridade (58% a 42%) e com renda familiar de cinco a dez salários mínimos (65% a 35%). 

Já João Leite está melhor cotado entre os jovens (59% a 41%) e entre os evangélicos pentecostais (63% a 37%). Entre os torcedores do Atlético, o ex-presidente do clube tem vantagem de 68% a 32% sobre o tucano. Já entre os cruzeirenses, o tucano lidera com 67% ante 33%. 

Ataques

Em meio a tanta inde-finição quanto ao resultado, os ataques entre os candidatos têm sido constantes. Ontem, João Leite alegou serem necessários. “Eu sou a voz desses trabalhadores do Kalil. Não é possível não falar disso, porque eles foram lesados e colocados em situações sub-humanas”, afirmou. 

Do outro lado, Kalil garantiu que não se sente abalado pelas denúncias apresentadas pelo rival. “Os ataques não vão me atrapalhar. Se ataque fosse bom, não precisava fazer campanha”, disse. E foi essa também a postura que apresentou nas redes sociais. Ao longo do dia se ateve a apresentar propostas. 

 

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