'Eles voltarão ao Brasil assim que possível', diz médico da CBF sobre feridos

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
03/12/2016 às 07:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:55

O presidente da Comissão de Controle de Doping da CBF, Fernando Solera, está em Medellín para dar atenção especial aos brasileiros feridos do voo da Chapecoense que caiu na terça-feira (no horário de Brasília), na Colômbia, matando 71 pessoas.

Com a evolução dos quatro sobreviventes, o dirigente comandou o plano de reuni-los no mesmo hospital para facilitar a logística e o acompanhamento. O próximo objetivo é verificar a recuperação deles para que possam voltar ao Brasil.

Como estão os feridos?
Nosso plano é ainda hoje (ontem) fazer o transporte de todos para o mesmo hospital, para facilitar o trabalho. A logística é o maior problema. Na quinta-feira, foi bem difícil tirar o jornalista Rafael Henzel e trazê-lo para Medellín. A logística da ambulância foi um problema. Só faltou o Pagura (Jorge Pagura, presidente da comissão nacional de médicos do futebol) ter de dirigir a ambulância.

Mas os serviços estão deixando a desejar?
De forma alguma. É que às vezes se soma o estresse de dormir pouco, ficar sem almoçar e a situação fica mais difícil. Para se transferir, temos de cumprir uma série de protocolos médicos. Sem o atendimento dessas questões, se a ambulância não for a ideal, por exemplo, não saímos. Os hospitais podem não ser tão vistosos e imponentes, mas são como um Albert Einstein, em São Paulo, praticamente. A qualidade e a infraestrutura são de primeira. Não temos do que reclamar, muito menos da qualidade e da competência dos profissionais de saúde. Estamos sendo bem atendidos. Quando for escrever meu relatório para o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (Marco Polo Del Nero), as críticas serão insignificantes perto dos elogios. O povo colombiano tem sido sensacional, pelo acolhimento e pelo trabalho dos voluntários.

Os sobreviventes sabem ou se lembram da tragédia?
A maioria está sedada. Só o Rafael (Henzel) está consciente e até recebeu a visita da mulher. Como ele estava entubado, não conseguia falar, por mais que tentasse. Os dois conversaram, ele pôde escutar e prestar atenção. Manifestou com os olhares que estava entendendo tudo. Os outros ficaram mais tempo inconscientes, com sedação. O Alan Ruschel também já se comunicou com a noiva dele antes de ser transferido. Nesse transporte, ele teve de receber mais sedativos.

O senhor conversou com os outros dois sobreviventes? Eles disseram algo sobre o acidente?
Por tudo o que ficamos sabendo, as vítimas não tiveram nenhum tipo de sofrimento e não houve horror nos momentos que antecederam o impacto do avião. Esta informação é fidedigna e eu extraí dos outros dois sobreviventes bolivianos e que faziam parte da tripulação, a comissária de bordo (Ximena Suárez) e o colega dela (Erwin Tumiri). Segundo eles, o piloto não avisou que o avião estava em situação emergencial. Eles só sentiram uma trepidação e um forte barulho seguido por uma explosão antes de cair. Ninguém ficou apavorado no momento.

Há expectativa de alta?
É difícil dizer. Às vezes é até melhor ser pessimista do que criar ansiedade e expectativas exageradas nas famílias. Temos na cabeça que devemos levar os feridos ao Brasil assim que eles tenham condições de ser embarcados em aviões para viajar. Quando isso for possível, queremos que terminem a recuperação no nosso País. É preciso ter paciência e esperança. Eles têm evoluído. Acidente de avião não é como cair de bicicleta ou bater o carro.

O senhor tem acompanhado os familiares dos brasileiros?
Sim. Eles também são o foco da nossa atenção e do trabalho intensivo que estamos fazendo. Estive agora há pouco com a noiva do Alan Ruschel, durante a transferência dele de hospital. Também tem sido importante o apoio psicológico. Nisso, os voluntários colombianos têm ajudado muito e têm sido solidários. Os familiares dos outros feridos também estão aqui em Medellín prestando todo o apoio.

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