(Mauricio de souza/Arquivo Hoje em Dia)
O presidenciável Ciro Gomes (PDT), que esteve em Belo Horizonte nesta quarta-feira (8), disse que o quadro para a corrida nas eleições do ano que vem depende da definição da candidatura de Lula (PT) e de uma candidatura do PSDB. O ex-ministro, que palestrou na sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG), teceu duras críticas ao partido dos tucanos, do qual foi filiado entre 1988 e 1996, e ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que também vem considerando uma candidatura para a Presidência.
"Que dia o PSDB vai parar de fazer besteira no atacado e passar a fazer só besteira no varejo?", disparou o pedetista. "Estou querendo dizer o seguinte: eles vão enganar o povo dizendo que não eram Temer, porque estão lá com Temer até o gogó, e daqui a pouco vão romper com Temer para tentar enganar a população brasileira de que eles não são situação, são oposição. Ou vão sustentar a alça do caixão do governo Temer até o fim? Segundo, entre eles quem vai ser o intérprete desse conservadorismo oportunista golpista em que se transformou lamentavelmente o PSDB brasileiro, com exceções", afirmou à imprensa antes da palestra. Ciro também considera o quadro eleitoral para 2018 ainda obscuro e que a situação ficará mais clara a partir de março, quando se definirá se Lula concorre ou não. "Lamentavelmente, o país inteiro está dependendo dessa variável", disse.
O ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula também reprovou uma possível candidatura do atual ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles, filiado ao PSD. O responsável pela política econômica no governo federal teve o nome vazado recentemente como beneficiário de um trust no paraíso fiscal de Bermudas, na investigação apelidade de "Paradise Papers". "O que você acha de eu me apresentar como candidato tendo minhas contas, minha poupança bancária numa offshore em um paraíso fiscal. A elite brasileira perdeu o pudor. No mínimo, estou dizendo para um conjunto da sociedade que eu não confio no sistema bancário do meu país, que eu sou encarregado de manter ou, por média, eu estou querendo dizer que estou fugindo de pagar impostos no meu país", declarou o pedetista.
Reformas
A metralhadora de Ciro Gomes tampouco poupou a Reforma Previdenciária, que ainda sofre impasse no Congresso Nacional. O cearense classificou o governo atual de "quadrilha de marginais" e considerou o impeachment "golpe de estado". "(O governo) não estudou o assunto, não consultou ninguém e está atirando de forma absolutamente perversa no lugar errado. 2% dos beneficiários da Previdência levam quase um quarto de todo o dinheiro que se gasta na Previdência, e nisso não mexem", disse ele. "Vai querer ferir o direito das mulheres, que ainda pagam no Brasil uma dupla jornada de trabalho, obrigar um professor a dar 49 anos de aula, um policial a correr atrás de bandido por 49 anos para ter direito à aposentadoria integral."
Já a Reforma Trabalhista, para Ciro, gera "insegurança jurídica" e "econômica" para o país. "Abrasileiro e internacional, especialmente", comentou.
Candidatura
Para o pedetista, ainda é muito cedo para falar de alianças para 2018. No entanto, ele elogiou a pré-candidata pelo PCdoB, Manuela D'Ávila, e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. "Sou muito amigo do Marcio, mais ou menos o encarregado de tê-lo introduzido na vida pública, o que é muito orgulho pra mim. Porém, neste momento ninguém será capaz de responder que tipo de aliança obterá", destacou.
"Serei candidato numa única circunstância: se o PDT, que é o meu partido, decidir que eu seja", ressaltou, acrescentando que, para ele, "os tempos estão ficando cada vez melhores".