Em depoimento, Norberto nega ter ordenado morte de fiscais

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
29/10/2015 às 17:28.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:16
 (Eugênio Moraes e Flávio Tavares)

(Eugênio Moraes e Flávio Tavares)

Começaram a ser ouvidos na tarde desta quinta-feira (29) os dois réus no caso que ficou conhecido como Chacina de Unaí. Norberto Mânica e José Alberto de Castro são acusados de participação nas mortes de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego.

O primeiro a falar foi o fazendeiro Norberto, que ficou conhecido como "Rei do Feijão". Ele responde as perguntas da acusação e defesa e mantém a tese de que não teve nenhuma participação no crime.

"Não tenho nada a ver com isso. Inclusive fiquei pasmo com isso. Estou aqui para responder tudo que é verdade, estou aqui para provar que não tenho nada a ver com isso", respondeu Norberto ao ser questionado pelo juiz federal Murilo Fernades sobre participação no crime.

O magistrou perguntou ao réu por que ele teria sido envolvido no caso, já que afirma não ter ligação com os homicídios. O "Rei do Feijão" alegou que "foi envolvido no delito por causa das ligações telefônicas e por ter discutido com o auditor fiscal".

Sobre o que o Ministério Público Federal (MPF) alega ter sido a ameaça que culminou na morte do fiscal do trabalho, Norberto se defendeu afirmando que "não houve ameaça, nem briga, nem nada. Houve discussão verbal que, para mim é normal, uma alteração de voz".

O juiz, então, questionou Norberto quem teria mandado matar os fiscais. "As atitudes que o Hugo tem tomado... É difícil falar, acusar as pessoas sem ter coisa, mas essas atitudes que ele fez comigo, uma gravação de uma conversa que eu não sabia...", respondeu Norberto.

Confissão

O que já foi anunciado pelo advogado de José Alberto é que o réu vai confessar o assassinato de uma das vítimas. "Eu acho louvável a pessoa que pode confessar o crime o faça. O Norberto não pode fazer isso porque não tem relação com o fato. Tenho certeza que não foi o Norberto que mandou", afirmou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

Crime

Em 28 de janeiro de 2004, três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho foram assassinados em Unaí, região Noroeste de Minas. O quarteto foi executado enquanto seguia para fiscalizar fazendas no município.

Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), os mandantes foram os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica. Os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro foram acusados de intermediários do assassinato.

Atualizado às 18h06

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