Ao menos 15 ônibus e um carro do governo do Estado foram incendiados, na tarde desta quarta (18), em Natal. Os ataques acontecem no mesmo dia em que foi anunciada a transferência de presos do presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal (RN), que estava com presos amotinados.
Três ônibus e um carro do governo do Estado foram atacados nas ruas de Natal e de Parnamirim, na região metropolitana. Outros 12 estavam dentro da garagem da empresa São Geraldo quando foram incendiados. A Secretaria de Segurança Pública afirmou que o fogo que atingiu o carro foi descartado como um ato de represália ordenado por presos. Os outros quatro ataques estão sendo apurados, mas, segundo a pasta, há indícios de que tenham sido ordenados por membros do Sindicato do Crime, contrários às transferências.
A frota de ônibus da cidade está sendo recolhida e o policiamento nas ruas está reforçado desde terça (17), afirmou a secretaria. O setor de inteligência da polícia também está trabalhando no caso.
O governo iniciou por volta das 19h30 (horário de Brasília) a transferência de presos de Alcaçuz após a entrada do Batalhão de Choque da cadeia. Um protesto de mulheres dos detentos tentou impedir a passagem dos veículos com barricada de fogo. Policiais deram tiros de advertência para dispersar o grupo.
Ao todo, 220 detentos apontados como membros da facção Sindicato do Crime estão sendo levados para o presídio estadual de Parnamirim.
Para permitir a transferência, o governo do Estado removeu 220 presos que estavam no presídio de Parnamirim, para Alcaçuz (100) e para a cadeira pública Raimundo Nonato (120). Todas as transferências deverão ser concluídas ainda nesta quarta-feira.
Os problemas na unidade começaram no último sábado (14), quando um confronto entre o PCC e o Sindicato deixou ao menos 26 mortos. Na segunda (16), o presídio voltou a ficar fora de controle, situação que permanecia até a tarde desta quarta.
Começou nesta quarta um outro motim, agora na penitenciária estadual do Seridó, conhecida como o Pereirão, que fica na cidade de Caicó. Informações preliminares apontam que a rebelião foi iniciada por membros do Sindicato, que não aceitariam a chegada de presos do PCC.
FORÇA NACIONAL
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou nesta quarta-feira (18) a representantes de entidades sindicais de agentes penitenciários, em audiência em seu gabinete em Brasília, que o governo vai criar um "grupo nacional de intervenção em presídios", que atuaria como uma espécie de Força Nacional voltada para as penitenciária.
O grupo seria formado por cerca de cem agentes penitenciários cedidos pelos Estados por tempo determinado. Eles atuarão sob coordenação dos Estados e terão os custos compartilhados com a União. Também foi definida a necessidade de criação de um protocolo nacional para abordagem e tratamento dos presos em situações de crise.
Esses agentes seriam destacados para entrar nos presídios em crise ou sob ameaça e fazer a triagem da massa carcerária até para localizar e separar líderes de facções criminosas que hoje dominam os presídios no país.