"Para alguns, sou fotojornalista. Não é verdade. Para outros, sou um militante. Tampouco. A única verdade é que a fotografia é minha vida. Todas as minhas fotos correspondem a momentos intensamente vividos por mim. Todas existem porque a vida, a minha vida, me levou até elas", diz Sebastião Salgado em Da Minha Terra à Terra, livro que autografa nesta segunda-feira, às 12h30, na Livraria Saraiva do Shopping Pátio Higienópolis. Mais tarde, às 19h30, Salgado conversa com Drauzio Varella no Teatro Eva Herz , na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
É chance rara de ouvir o fotógrafo relatar passagem memoráveis de sua vida e contar mais sobre o livro em que relata muitas destas passagens.
Na obra, escrita pela amiga Isabelle Francq, que fez cinco grandes entrevistas com o fotógrafo, Salgado, que já lançou diversos livros e teve sua obra exposta em diversos países, abre um novo capítulo, o de sua história.
Com relatos em tom de conversa entre amigos, há espaço para falar de sua terra natal, a fazenda no Vale do Rio Doce, da qual tem "lembranças maravilhosas de menino", as raízes políticas, éticas e existenciais de seu engajamento fotográfico. "Minha fotografia não é nada objetiva. Como todos os fotógrafos, fotografo em função de mim mesmo, daquilo que me passa pela cabeça, daquilo que estou vivendo e pensando", diz ele no capítulo A fotografia, meu modo de vida.
Em Da Minha Terra à Terra é possível acompanhar os bastidores de grandes trabalhos de Salgado, como, por exemplo o Projeto Gênesis, que originou o cultuado livro homônimo e que se tornou uma festejada exposição que já rodou diversos países. Entre eles, França, Espanha, Inglaterra, Itália, Suíça, Canadá, Estados Unidos e Brasil. Aliás, é para a abertura de Gênesis em Porto Alegre que o fotógrafo também está no País.
Gênesis é fruto da jornada que conduziu Salgado a rincões intocados do planeta, onde o homem convive em harmonia com a natureza. É também com Gênesis que Da Minha Terra à Terra começa.
Em um relato que mistura fascínio e humildade, o fotógrafo narra como, em Galápagos, passou um dia inteiro aprendendo a entender o ponto de uma tartaruga gigante. "Quando fotografo seres humanos nunca chego de surpresa ou incógnito a um grupo, sempre me apresento. Depois me dirijo às pessoas, explico, converso e, aos poucos nos conhecemos", conta ele, ao relatar que também aprendeu a conhecer e fotografar os animais com Gênesis.
São passagens como esta que fazem de Da Minha Terra à Terra um livro pessoal e ao mesmo tempo documental. Salgado, em breve, também poderá ser visto no cinema. Além de Revelando Sebastião Salgado, da brasileira Betse de Paula, em outubro será lançado um documentário que o alemão Wim Wenders dirigiu sobre o fotógrafo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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