SEGUNDO BLOCO

Em sabatina no SBT, Bolsonaro fala sobre Auxílio Brasil, reeleição, desmatamento e militares

Rodrigo de Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
21/10/2022 às 23:11.
Atualizado em 21/10/2022 às 23:22
 (Rogerio Pallatta/SBT)

(Rogerio Pallatta/SBT)

O candidato à reeleição para presidência da República, Jair Bolsonaro (PL), participou de uma sabatina do SBT nesta sexta-feira (21). Com apresentação do jornalista Carlos Nascimento, a entrevista contou com SBT, CNN Brasil, Veja, Nova Brasil, Estadão/Rádio Eldorado e Terra.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que não iria participar do debate. Como previsto nas regras aprovadas por representantes dos dois candidatos, o debate de segundo turno foi substituído por uma sabatina de Bolsonaro a jornalistas dos veículos do pool.

No segundo bloco, ele foi questionado por jornalistas sobre a proposta de aumentar o salário mínimo acima da inflação.

O jornalista Marcelo Torres, do SBT, afirmou que Bolsonaro prometeu continuar pagando o Auxílio Brasil de R$ 600 caso seja reeleito, mas que não havia indicado o recurso para isso no orçamento.

"A lei que foi aprovada prevê o pagamento até dezembro. Você já falou de usar dinheiro de privatizações para fechar essa conta, mas isso leva tempo. O ministro Paulo Guedes também já falou em taxar lucros e dividendos. Como a conta vai fechar para quê o auxílio não caia para R$ 400 em janeiro de 2023?", questionou o jornalista.

Bolsonaro alegou que "o Bolsa Família, até 2021, começava em R$ 42" e que 'foi preciso alongar o pagamento dos precatórios".

"Toda a bancada do PT foi contra a criação do Auxílio Brasil e conseguimos aprová-lo com a ajuda de outros partidos. Resolvemos conceder R$ 600 até o fim do ano e o Paulo Guedes tem achado alternativas para tudo aquilo que promete", disse.

De acordo com o presidente, "a taxação de dividendos seria suficiente para manter o pagamento dos R$ 600".

"Atualmente, pagamos o benefício para 21 milhões de pessoas, custando R$ 12 bilhões por mês. Com a taxação de quem ganha acima de R$ 400 mil por mês, acredito que será suficiente para bancar isto", afirmou.

Na vez do jornalista Diego Amorim, da rádio Nova Brasil, ele lembrou que Bolsonaro falou em reforma política para acabar com a reeleição durante a campanha de 2018. "O senhor mantém a proposta de enviar para o Congresso Nacional ou o senhor mudou o entendimento?", questionou.

De acordo com o presidente, “o quadro posto para disputar a eleição o fez mudar de ideia".

"Não tínhamos um nome parecido com o meu. Estaríamos entregando o poder para o PT, PDT ou PSD. Seria a volta da esquerda. Foi isso que me levou a não tocar nesse assunto. Mas é claro que, se parte do parlamento topar essa proposta, seria positivo estipular mandato de cinco anos e sem reeleição', argumentou.

Segundo Bolsonaro, também não seria inteligente "colocar a mão nesse vespeiro, pois teria reação de parte do parlamento".

"Teria que ser praticamente um consenso entre todos. Um chefe do Executivo passaria a ter dificuldade em negociar boas propostas, como a reforma fiscal e a redução da maioridade penal para crimes hediondos. Todas essas propostas poderiam ser prejudicadas por essa mudança", disse o presidente.

Márcio Gomes, da CNN Brasil, citou a taxa de desmatamento ilegal na Amazônia, que teria aumentado ano a ano no governo Bolsonaro. "O senhor até falou que no governo Lula era maior (desmatador), mas isso não responde ou justifica o aumento do desmatamento no seu governo. Caso reeleito, qual será sua primeira medida para tentar reduzir o desmatamento?", perguntou.

Bolsonaro voltou a falar que "nos governos anteriores o desmatamento era maior, apesar de ter diminuído no governo Dilma" e que o seu governo tem "feito algumas medidas combatendo o crime organizado, o tráfico de animais silvestres e o contrabando de produtos florestais".

"A melhor proposta, e que não conseguimos aprovar, é a regularização fundiária. Todo e qualquer terreno do Brasil teria sua localização definida por satélite, o que facilitaria identificar quem está desmatando ou colocando fogo. Facilitaria a fiscalização", disse o candidato à reeleição.

Na vez de Marcelo Godoy, do Estadão e da Rádio Eldorado, ele questionou sobre a presença dos militares no poder. "Em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil gasta mais com funcionalismo do que 90% dos países. O senhor empregou mais de seis mil militares no governo, apesar da promessa de não aparelhar o Estado. O senhor ainda pretende, na reforma administrativa, acabar com promoções por tempo de serviço e com estabilidade do funcionalismo, como constava na proposta original do governo? E, mais ainda, como impedir que isto abra espaço para mais clientelismo em vez de enxugar a máquina pública", perguntou.

Bolsonaro argumentou que “a maior parte dos cargos são comissionados” e que "os militares são pessoas alinhadas a ele".

"Na transição, já eliminamos mais de 30 mil cargos por comissão. Só fizemos concurso para o essencial, como Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal. Os aposentados estão na casa dos 100 mil. Não fizemos reposição, alguns poucos devemos fazer para não prejudicar o serviço público. Pegamos a máquina inchada e a própria EBC tinha mais de 1,2 mil funcionários e passou para 400 pessoas", afirmou.

Ele também falou que “não pretende mexer na estabilidade do servidor público, pois é um direito garantido e previsto na Constituição".

"Quando falamos em gastos públicos, também precisamos falar nas estatais. Elas geravam um lucro pequeno e agora aumentaram, chegando em R$ 180 bilhões em 2021", comentou o presidente na sabatina. 

Tatiana Farah, do portal Terra, fechou o segundo bloco questionando as promessas de campanha. "Muitas das suas promessas não estão contempladas no orçamento, como o Auxílio Brasil.  O salário mínimo vai continuar indexado à inflação ou será indexado à meta de inflação, como propõe o Ministério da Economia? Em quem o eleitor deve acreditar? Em você, no ministro ou no orçamento?".

Bolsonaro respondeu que "quem faz o orçamento é o Legislativo, não é um decreto presidencial".

"Essa bola está com o parlamento. É inadmissível deixar os aposentados sem o reajuste igual à inflação, assim como deixar de dar o reajuste aos servidores. Temos certeza que o parlamento vai buscar alternativas. Conseguimos, por exemplo, o Auxílio Emergencial de R$ 600 em 2020, beneficiando as mulheres chefes de família. Também conseguimos a queda dos combustíveis, quem não gostou disso? Para tudo tem solução, só não tem para a morte", disse o presidente.

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