Embargo de carne traz ameaça à pecuária brasileira

Do Hoje em Dia
16/12/2012 às 07:20.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:37

O Ministério da Agricultura confirmou na última quinta-feira que a China suspendeu as importações de carne bovina brasileira. O motivo alegado para o embargo da carne produzida no Brasil é a doença da “vaca louca”, mesma justificativa dada na semana anterior por Japão e África do Sul. Suspeita-se que uma vaca morta em 2010 no Paraná tenha como causa essa doença. O Itamaraty explica que os países estão tomando a medida “por precaução”.

Não é a primeira vez que isso ocorre e a causa verdadeira, como suspeitam muitos pecuaristas brasileiros, pode ser mais econômica que sanitária. O Brasil vem surgindo no cenário mundial como competidor imbatível em produtividade na produção de carne bovina. Em 2001, o Canadá decretou o embargo da carne brasileira, alegando dúvida sobre a existência ou não da doença da “vaca louca” no Brasil, sendo logo acompanhado por Estados Unidos e México. Nos dois anos anteriores, as exportações brasileiras desse produto haviam crescido mais de 50%. Apesar das tentativas de inibir nossas vendas, o país se tornou o maior exportador de carnes do mundo.

O curioso no anúncio da China é a data, coincidindo com a chegada da presidente Dilma Rousseff a Moscou, onde ela comemorou no restaurante Bolshoi, com uma dezena de pessoas de sua comitiva, o aniversário de 65 anos. Na mesa, todos evitaram temas indigestos, como este.

Mas carne e açúcar compõem 80% das exportações brasileiras para a Rússia, e Dilma não podia deixar de falar sobre tais barreiras no encontro com o primeiro-ministro Dmitri Medvedev. Em junho de 2011, os russos deixaram de comprar carnes do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. O embargo já foi suspenso, mas as autoridades sanitárias russas não forneceram ainda certificados autorizando a compra.

Apesar do embargo o Brasil exportou para lá, no ano passado, carnes bovina, suína e de frango no valor de US$ 1,5 bilhão. A Rússia é nosso maior mercado mundial para a carne bovina e o segundo maior de carne suína. O comércio entre os dois países vai crescer, se depender do empenho de Dilma Rousseff. Nos primeiros anos de vida dela, produtos agropecuários brasileiros, para chegar mais facilmente à Rússia, tinham que ser vendidos primeiro aos Estados Unidos, que os revendiam com lucro para os comunistas.

Brasil e Rússia parecem trilhar hoje um caminho mais promissor, política e economicamente, o que ajuda a superar crises, sobretudo as motivadas por más ficções.

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