decisão judicial

Empreendedores de agronegócio reclamam de prejuízos com proibição de rodeios em Minas

Rodrigo Oliveira
rsilva@hojeemdia.com.br
30/08/2022 às 20:13.
Atualizado em 31/08/2022 às 16:52
Empresários afirmam que animais são bem tratados; entidades defensoras alegam que há maus tratos (TJMG / Divulgação)

Empresários afirmam que animais são bem tratados; entidades defensoras alegam que há maus tratos (TJMG / Divulgação)

Empreendedores do agronegócio reclamam da decisão do juiz Michel Curi e Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Minas, divulgada na última quinta-feira (25), que proibiu a realização de rodeios no Estado.

A decisão atendeu a um pedido do Instituto Protecionista – SOS Animais & Plantas, que considerou "inerente a essa modalidade de entretenimento a dor e o sofrimento desses animais", segundo Francisco Garcia, advogado da entidade que pediu a proibição à Justiça.

Na decisão, o magistrado disse que, nesses eventos, há "acentuada probabilidade" de os animais serem usados como "meras coisas" e "submetidos a sofrimentos até a morte".

Fábio Caixeta, integrante da Associação dos Cavaleiros e Muladeiros Independentes de Machado, no Sul de Minas, discordou do argumento. E explicou que os animais são bem cuidados.

"Eles têm preparação quase de 'atleta', com ração balanceada e exercícios físicos. Cada animal participa, em média, de apenas dois dias de festa, pulando 8 segundos por noite”, afirmou.

O advogado da instituição de defesa dos animais retrucou. “Tem cavalo que é transportado no ar condicionado, mas, quando chega na arena, são estupidamente mal tratados. Alguns animais quebram as pernas, outros têm o rabo arrancado e testículos são amassados”, disse.

O advogado ressaltou ainda que os animais são submetidos a maus tratos para que tenham uma “melhor performance” durante o show. “Para que eles fiquem pulando daquele jeito, também são usadas algumas artimanhas, como o choque elétrico e aplicação de spray de pimenta no ânus dos animais”, revelou.

Caixeta garantiu que os donos dos animais que se apresentam nos rodeios se preocupam muito com a saúde e o bem estar deles. “Nenhum proprietário quer ver o seu boi sofrendo ou passando por maus tratos”, enfatizou.

Outra preocupação do empreendedor é a repercussão para as famílias que podem ter a renda comprometida com o fim dos rodeios, já que há muitas festas do peão previstas para este segundo semestre. 

É o caso da Feira Machadense do Agronegócio (Femagro), prevista começar no próximo dia 6 de outubro. Caixeta disse que "vários profissionais serão afetados, como peões, locutores, sonoplastas e diversas outras categorias. Esta cadeia é muito grande, gerando vários empregos diretos e indiretos". 

O integrante da Associação dos Cavaleiros também reclamou do “timing” da decisão. “O evento já estava sendo preparado há mais de um ano. E a proibição chegou faltando pouco mais de dez dias para o início da festa. O prejuízo será grande", destacou. 

Para o prefeito de Machado, Maycon Willian da Silva (PSB), a proibição também tem um forte impacto social. "O rodeio é muito importante para a nossa cultura, uma vez que nossa região sobrevive principalmente da agricultura", disse. 

Ele considerou a decisão “arbitrária” e estimou que trará “prejuízos a diversas cidades”. "Já fizemos todo o investimento, gastando com estrutura e contratação de show. Não só Machado, mas diversos municípios se prepararam para promover festas e serão prejudicados, principalmente após um período de ‘vacas magras’ provocado pela pandemia", afirmou.

O prefeito disse ainda que “a Prefeitura entrará com um mandado de segurança pedindo uma liminar para que o evento seja realizado”.

Em nota, a Advocacia-Geral do Estado (AGE-MG) informou que "ainda não foi intimada da decisão judicial."

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