Buscar uma recolocação deixou de ser exclusividade de quem está fora do mercado de trabalho. Em meio a 12 milhões de desempregados, pode até soar estranho, mas ficou mais fácil para os patrões encontrar profissionais qualificados dentro de outras empresas do que nas ruas. Oportunidade e tanto para quem cobiça aquela vaga dos sonhos, desde que o candidato saiba como agir para não se queimar com a chefia atual nem trocar um pássaro na mão por dois voando.
Especialistas são taxativos: quem está de olho em uma experiência nova – por insatisfação no emprego, salário maior ou vontade de respirar novos ares – não está proibido de buscá-la. Mas é preciso discrição. E muita. Nada de virar figurinha carimbada em sites de vagas nem nas mesas dos recrutadores.
“A busca tem que ser muito estratégica. O profissional não pode pulverizar o currículo no mercado, mesmo porque não quer que o mundo inteiro saiba que ele está procurando outro emprego”, alerta a diretora-executiva da Thomas Case & Associados, Elizabeth Pinheiro Chagas.
Contratar os serviços de empresas especializadas em planejamento, gestão e transição de carreira pode ser uma boa. Elas auxiliam tanto na forma de lidar com a situação, abrindo o jogo ou não com a chefia imediata, por exemplo, quanto na blindagem do profissional, fazendo um pente-fino sigiloso pelas firmas que têm vagas disponíveis no mercado.
Mas é preciso estar disposto a fazer um investimento financeiro. Esse tipo de serviço costuma ser prestado por meio de contrato e, geralmente, tem duração de 12 meses. Paga-se um valor de entrada (no momento da contratação) e outro de saída, caso a recolocação aconteça.
Foco na decisão
Partir em busca de um novo emprego mesmo estando empregado também pode se transformar em uma verdadeira saia-justa entre líder e subordinado, se não houver um bom entendimento da situação entre os dois lados.
Colocar tudo em pratos limpos e abrir o jogo é uma decisão importante, desde que consciente e tomada com cautela, ensinam especialistas em RH e mercado de trabalho.
Tudo depende do grau de transparência que se mantém na empresa e da maturidade das relações, avalia o gerente-geral no Brasil do Top Employers Institute – principal certificação global de práticas de RH –, Gustavo Tavares.
Segundo ele, os dois principais motivos que levam os profissionais a trocar de emprego são a falta de um plano de carreira e, portanto, de possibilidade de crescimento, e relações desgastadas ou turbulentas com o chefe. “A questão salarial geralmente tem sido a última influência para a saída do trabalhador, talvez em função da conjuntura econômica”, analisa.
Editoria de Arte