(Lucas Prates)
Apesar do desaquecimento da economia, o desemprego permaneceu estável em agosto. A Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a taxa média no país foi de 5%. O percentual é o menor já registrado para o mês de agosto desde que a pesquisa começou a ser realizada, em março de 2002.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a taxa foi de 4,2%. Maior que o resultado de julho (4,1%), e menor que o de agosto de 2013 (4,3%).
Rendimento
Na Grande BH, o rendimento médio real do trabalho foi de R$ 1.977,30 em agosto, queda de 0,7% em relação ao mesmo período do ano anterior e aumento de 4,2% na comparação com julho de 2014. Esse salário corresponde a 96% da média paga nas seis regiões metropolitanas pesquisadas.
Nas demais regiões, a média da renda real dos trabalhadores também cresceu para R$ 2.055,50. O aumento foi de 1,7% em relação a julho e 2,5% em relação a agosto de 2013.
Com a combinação dos movimentos dos rendimentos e da ocupação, a massa salarial real em Belo Horizonte caiu 2,2% em relação a agosto de 2013, mas cresceu 4,6% em relação a julho de 2014.
Índice de ocupação
O número de ocupados chegou a 23,1 milhões de pessoas nas seis capitais analisadas, crescimento de 0,8% sobre julho e estável na comparação com agosto de 2013. O número de trabalhadores com carteira assinada foi de 11,8 milhões, estável nas duas comparações.
Já na região metropolitana de BH, o saldo do número de postos de trabalho foi positivo em 9 mil (trabalhadores contratados menos trabalhadores demitidos).
Mesmo assim, o número de desocupados cresceu 5 mil. Este número está ligado à evolução da População Economicamente Ativa (PEA), que aumentou em 14 mil pessoas no mês.
O analista do IBGE em Belo Horizonte, Antônio Braz, explica que o aumento da população economicamente ativa ainda não representa grande pressão grande sobre o índice de desemprego. “Quando a economia começou a desacelerar, muitas pessoas que deixaram o mercado de trabalho não iniciaram nova busca de emprego (o que as torna inativas, e não desempregadas”, diz.
Indústria registra os maiores cortes
As maiores cortes de postos de trabalho na Região Metropolitana de BH aconteceram na indústria extrativa e de transformação e produção e distribuição de eletricidade, gás e água, que registrou saldo negativo de 26 mil vagas.
Os números também fora negativos na construção (4 mil), nos serviços domésticos (16 mil), na Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais (10 mil).
Especialistas explicam que o contexto econômico negativo e a baixa expectativa crescimento tem desestimulado os empresários da indústria a fazer investimentos, principalmente na contratação de mão-de-obra.
Para o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Osmani Teixeira, os números são um reflexo do desestímulo vivido pelo setor.
“A própria estabilização da taxa é ruim, pois significa que ninguém está prevendo aumento de demanda para o fim do ano”, diz. “Julho e agosto são meses em que, tradicionalmente, a indústria contrata mais. Mas isso não está acontecendo”, avalia Teixeira.
Os maiores aumentos foram registrados nas atividades de outros serviços (11 mil), comércio, reparação de veículos (5 mil) e intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à empresa (1 mil).
Em relação à agosto de 2013, embora o número de pessoas ocupadas tenha caído 39 mil, o número de desocupados foi reduzido em 4 mil pessoas. Isso se explica pela forte redução da População Economicamente ativa, em 43 mil pessoas, na mesma comparação.