Empresa BFA fecha e mais de 400 estudantes ficam sem intercâmbio

César Rosati - Folhapress *
06/09/2013 às 17:34.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:44

SÃO PAULO - Mais de 400 brasileiros que haviam planejado estudar na Irlanda este ano foram abandonadas por uma empresa especializada em intercâmbio que fechou as portas sem deixar vestígios esta semana. A BFA Intercâmbio, que tem sede em Dublin e lojas em cinco cidades do Brasil, dispensou os 40 funcionários que trabalhavam na matriz e deixou os clientes sem informações.

A empresa pertence ao brasileiro Márcio Chaves, desde 2006. Ele foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado para comentar o assunto. Segundo ex-funcionários, ele mora atualmente na Espanha e a empresa vivia um momento financeiro delicado por conta da crise na Europa. "A empresa já teve 110 funcionários e atravessava um momento complicado com uma dívida de alguns milhões. Agora há salários atrasados, funcionários sem receber e clientes prejudicados", disse Danniel Oliveira, ex-diretor comercial da agência de intercâmbio, que mora em Dublin.

Segundo ele, o dono da agência se restringiu em "mandar um e-mail" pedindo desculpas para os funcionários, mas não disse o que será feito daqui para a frente. "A empresa faliu. Não temos dinheiro para mais nada. O Márcio deixou todos na mão, não responde minhas mensagens, nem ligações. Estou tentando fazer o máximo para resolver esse problema que envolve centenas de pessoas e seus sonhos e não deixar os estudantes que fecharam seus pacotes sem acomodação ou transfer", disse ele.

Segundo Oliveira, a crise acarretará problemas tanto na Justiça brasileira, por conta das agências que venderam os pacotes no país, quanto na irlandesa, onde a BFA Intercâmbio está registrada oficialmente.

O diretor comercial, no entanto, não soube dizer se as pessoas que já pagaram os cursos receberão o dinheiro de volta ou poderão embarcar para o país. "Orientamos os representantes comerciais para que eles não vendessem mais pacotes de viagem até que a situação seja resolvida", disse.

O jornalista Ricardo Ortiz, de 24 anos, foi um dos clientes lesados pelo fechamento da empresa. Ele gastou R$ 9 mil entre acomodação, curso de inglês e seguro obrigatório.

Ortiz deixou o emprego, vendeu o carro para conseguir viajar. "Juntei o dinheiro e paguei tudo a vista. Agora estou sem rumo e cheio de dúvidas. Como eu vou? Onde vou ficar? Agora é esperar", disse.

O jornalista estava com a passagem marcada para Dublin para o dia 5 de outubro. Ele afirmou que vai acionar a Justiça para tentar solucionar o caso, mas se disse descrente na recuperação do dinheiro investido. "Fiquei sem nada e a chance de recuperar é difícil", afirmou.

O Procon orienta a todos buscar o máximo de referências que puder sobre a agência de intercâmbio escolhida. Vale consulta a conhecidos, em redes sociais, em sites de relações de consumo. É importante checar se a agência é especializada nesse tipo de serviço, se possui registro ou se tem endereço fixo. (* Com Estadão)

Atualizada às 21h58

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