Empresários acusam “velha política” na sucessão de BH

09/08/2016 às 21:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:16

Causou mal-estar e constrangimento no meio político, e até no empresarial, o manifesto do Fórum das Entidades Empresarias de Minas, divulgado, nesta terça (9), em anúncio de quase uma página nos principais jornais do estado, sobre os rumos da sucessão municipal de Belo Horizonte. Nele, as lideranças empresariais denunciaram a prevalência das “velhas práticas políticas e da volta ao passado”, caracterizadas por acordo de cúpula, interesses particulares, do fisiologismo e corporativismo.

“Não é possível admitir a volta ao passado e a procedimentos que julgávamos ultrapassados”, dispara o manifesto empresarial, referindo-se pontualmente ao episódio que culminou com o veto à candidatura a prefeito da capital do empresário Paulo Brant (PSB). A nota é assinada pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Associação Comercial de Minas (ACMinas), Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), Federaminas, Fecomércio, entre outras entidades.

Diante do que chamaram “acordos de cúpula”, os empresários convocam os eleitores a escolherem o “melhor candidato” como forma de expressar “nossa insatisfação” aos interesses particulares e grupais, “comprometidos exclusivamente com o fisiologismo e o corporativismo”. O alvo direto é o desfecho das articulações políticas do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que, ao ser isolado, optou por abandonar a candidatura de Brant; indiretamente, a manifestação respinga no presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, que, nos bastidores, manobrou aliados próprios e de seus novos aliados (PMDB nacional), inviabilizando a candidatura do empresário.

Mais ocupados com as campanhas que vêm aí, alguns políticos disseram que não viram a nota; outros disseram que não se encaixam nos adjetivos usados em desfavor da classe política. Do outro lado, vários empresários passaram o dia ligando a políticos para dizer que não têm compromisso com a manifestação, que os líderes usaram as entidades sem ouvir a classe e que as entidades são e deveriam ser “apolíticas”.

Na avaliação de alguns, o tiro saiu pela culatra, levando-se em conta que, ao denunciar “velhas práticas”, os líderes empresariais teriam praticado “caciquismo” (sem o apoio dos liderados) e ignorado a condenação de Brant, pelo Banco Central, por gestão irregular. O executivo contesta, mas optou por pagar multa e ficar impedido de assumir, por nove anos, cargos no sistema financeiro. Esse foi um dos argumentos usados por Lacerda para, publicamente, vetar sua candidatura a prefeito.

A estratégia do PSDB de Aécio foi de reduzir candidaturas em seu campo político para facilitar vitória em outubro próximo, ao mesmo tempo em que impedia o surgimento de terceira via. Ao contrário dele, o campo do PT do governador Fernando Pimentel preferiu a pulverização das candidaturas, para não desagradar aliados e permitir a realização de segundo turno. “Nós respeitamos as candidaturas de nossos aliados e deixamos para que o eleitor decida. Não faremos pressão sobre eles”, disse um petista ligado ao governador.

Cinco órgãos são extintos

Durante votação da segunda e última etapa da reforma administrativa do estado, a Assembleia Legislativa aprovou, ontem, a extinção da Imprensa Oficial, Departamento de Obras Públicas, Departamento Estadual de Telecomunicações, entre outros.

(*) Orion Teixeira escreve de terça a domingo neste espaço

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