(Riva Moreira )
A expectativa de um Carnaval recorde em Belo Horizonte, com 4,6 milhões de foliões nas ruas, faz brilhar os olhos dos empresários dos setores de comércio e serviços. De olho nos lucros, lojas de fantasia, bares, restaurantes e até drogarias já começaram a preparar o estoque para aproveitar o crescimento e alavancar as vendas.
De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais, a expectativa é a de que o faturamento seja 10% maior que em 2018, e muitos estabelecimentos cogitam contratar funcionários temporários para dar conta da demanda.
“No ano passado, os restaurantes tinham fila até na segunda-feira, coisa que jamais aconteceria em uma semana comum”, afirma Ricardo Rodrigues, presidente da Abrasel-MG.
Para dar uma forcinha extra, a associação lançou, em 2018, o projeto Carnaval Gastrô, que será mantido neste ano. “São 30 estabelecimentos que criaram pratos exclusivamente para a data e podem ser localizados pelos foliões no site da Belotur”, diz.
Fernando Messias, sócio-proprietário do restaurante Chalé Mineiro, quer aproveitar a movimentação na cidade para ganhar dinheiro e colocou até uma faixa nos salões das quatro unidades para informar aos clientes sobre o funcionamento durante a festa.
“Esperamos receber de 500 a 600 pessoas por dia, três vezes mais que em 2017, quando abrimos pela primeira vez no Carnaval”, diz ele, que também vai ampliar o horário de funcionamento e contratar seguranças particulares para cuidar do estabelecimento.
As lojas de fantasias também comemoram a expansão da Festa de Momo belo-horizontina. Nas duas unidades da loja Vó Ditinha, nos bairros Sagrada Família e Buritis, o número de aluguéis triplicou no último mês. E a expectativa é que cresça ainda mais até o fim da folia.
“Por causa dos ensaios dos blocos, já alugamos cerca de 8 mil fantasias desde janeiro”, afirma a gerente Adriana Rodrigues. Para atrair mais clientes, a loja investiu em fantasias da moda, como a de sereia, e decidiu colocar acessórios à venda, que podem ser usados para complementar os looks.
“A partir de R$ 10, temos tiaras, luvas, máscaras, saias de tule. O folião pode abusar da criatividade”, diz ela, que garante que a data já está entre as três melhores do ano, junto com a Festa Junina e o Halloween.
Para Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL/BH, o faturamento nesta época será positivo para o setor durante o ano todo. “A movimentação econômica é muito grande, faz o dinheiro girar na cidade e tem reflexos também nos outros meses”, diz ele, que também orienta os lojistas a se prepararem para o fluxo intenso de clientes.
“Possivelmente, terá milhares de pessoas passando na porta de sua loja e é preciso se preparar para aproveitar essa movimentação para lucrar e divulgar o seu trabalho”, diz.
Bairros
O comércio dos bairros também está entrando na onda, já que um dos motes do carnaval deste ano em BH é a descentralização dos blocos. Mário de Oliveira Matosinhos, proprietário da farmácia Drogamário, no Barreiro, já está fazendo até estoque. “Acredito que essa história de pulverizar o Carnaval, tirando o foco da região Centro-Sul, vai me favorecer. Teremos dois blocos no Barreiro e eles passarão em ruas próximas à minha farmácia, então podemos ser um ponto de apoio para o folião”, diz ele, que pretende aumentar em 30% as vendas de energéticos, refrigerante e água.
Depois de tanta folia, os remédios para ressaca também devem ter boa saída. “Comprei 20% a mais que o normal, porque nesta época a procura aumenta bastante”, diz.
Alegria nos setores de eventos, passagens aéreas e hotelaria
Como a folia belo-horizontina ficou famosa no país, a expectativa é que o número de turistas também cresça neste ano. Dados da MaxMilhas, plataforma que vende passagens aéreas com desconto, mostram que as buscas pela capital mineira no período do Carnaval estão 62% maiores do que a média dos outros meses. Conforme a Belotur, Belo Horizonte já é o segundo destino mais procurado para a folia no Brasil, à frente de Rio de Janeiro e São Paulo, e atrás apenas de Salvador.
De olho nesse público, os produtores de festas e eventos decidiram caprichar em 2019. Além de grandes nomes da música, a capital terá atrações de peso e até voos de balão.
No Carnaval do Mirante, que acontece entre os dias 1º e 9 de março, no bairro Olhos D’Água, na região Oeste da capital, o público será contemplado com atrações como Anitta, Jorge Ben Jor, Ferrugem e Banda Eva.
“Como o Carnaval está em uma crescente, decidimos investir bastante agora para colher os frutos disso nos outros anos”, afirma
Carlos Magno Rezende, sócio da Box Entretenimento, realizadora da festa. Segundo ele, a expectativa é que o faturamento aumente de 15% a 20% em relação ao ano passado e que metade do público seja composto por turistas. “Em 2018, 38% dos pagantes eram de fora de BH. Acreditamos que neste ano seja 50%”, diz.
No Festival Junglebier, que vai ocupar o Parque Ecológico da Pampulha nos dias 2 e 3 de março, os foliões poderão voar a bordo de um balão colorido, a partir de R$ 95.
Hotelaria
Na rede hoteleira, a expectativa é de casa cheia. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG), as reservas feitas até agora na região Centro-Sul indicam lotação entre 80% e 90%, crescimento de 15% em relação ao ano passado.