Empresas do setor de energia tem queda de valor e confiança

Do Hoje em Dia
13/01/2013 às 07:20.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:34

  Quem investiu em duas grandes empresas da área de energia controladas pelo governo não se deu bem no ano passado. A consultoria Economática descobriu, ao calcular o indicador Valor de Mercado, que Petrobras e Eletrobrás foram campeãs em perdas. O cálculo é feito tomando-se a cotação da ação de uma empresa no fechamento dos negócios na Bolsa e multiplicando-a pelo número de ações dessa empresa.    Nos últimos anos, a Petrobras era a empresa brasileira com maior valor de mercado, mas, em 2012, perdeu essa posição para a Ambev e a Vale. A estatal começou o ano valendo R$ 291,5 bilhões e chegou ao final com um valor menor em R$ 36,7 bilhões. Já a Eletrobrás tinha um valor de R$ 19,22 bilhões em 6 de setembro e, na última quinta-feira, não passava de R$ 9,9 bilhões. Uma redução de 48% em apenas quatro meses.   Em ambos os casos, o acionista controlador foi quem desencadeou o processo. O investidor se retraiu quando acreditou que a interferência do governo nos preços dos produtos comercializados acabaria reduzindo o valor dos dividendos pagos pelas empresas. No caso da Petrobras, o objetivo era evitar que a elevação do preço dos combustíveis desencadeasse mais inflação. Assim mesmo, ela fechou o ano acima da meta inflacionária do governo. Quanto à Eletrobrás, o esforço foi no sentido de baixar em 20% o preço da energia elétrica para o consumidor, neste ano.   O anúncio feito pela presidente Dilma Rousseff na véspera do 7 de Setembro foi desastroso para os investidores nas 34 empresas do setor elétrico no Brasil com ações negociadas na Bolsa. Elas somavam naquele dia um valor de mercado de R$ 206,4 bilhões. Com a queda nas cotações, ao longo de quatro meses, valem agora R$ 169 bilhões – ou 18% menos. No caso da Cemig, a perda superou os 34%. Controlada pelo governo de Minas, essa empresa viu seu valor reduzido de R$ 28,4 bilhões para R$ 18,5 bilhões. Parte dessa enorme perda pode ser atribuída à recusa de antecipar a renovação dos contratos de concessão de algumas hidrelétricas importantes, nos termos oferecidos pelo governo, mas também pela percepção de que a alternativa era pior.    As perdas podem ser recuperadas nos próximos meses ou anos, dependendo do desempenho futuro das empresas e da persistência do investidor. Mas deviam servir de alerta para o próprio governo, para que esteja atento à questão da confiança. Confiança é um ativo intangível das empresas. Quando perdida, é de difícil recuperação.

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