Enchentes em São Paulo aumentam riscos de leptospirose e hepatite A

Folhapress
11/03/2016 às 14:11.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:46

Ao menos 16 pessoas morreram em decorrência da forte chuva que atingiu a Grande São Paulo entre a noite de quinta (10) e a madrugada desta sexta (11). O contato com a água da enchente traz ainda riscos de contaminação, sobretudo por leptospirose, doença infecciosa causada pela bactéria leptospira, encontrada principalmente na urina de ratos.

Segundo Ralcyon Teixeira, infectologista e chefe do pronto-socorro do Hospital Emílio Ribas, pessoas que tiveram contato intenso com a água -quem, por exemplo, teve que sair nadando de um carro ou viu a enchente invadir sua casa- deve procurar um pronto-socorro.

"Os sintomas da leptospirose demoram cerca de sete dias para se manifestar, mas em casos de contato extremo o médico pode receitar um antibiótico profilático antes que a pessoa manifeste qualquer sintoma", explica Teixeira.

Os sintomas lembram uma gripe comum -febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, sobretudo nas panturrilhas-, por isso as pessoas costumam demorar a buscar orientação médica.

Chuva na cidade de São Paulo

"Quem teve contato com água suja e apresentar sintomas que pareçam de gripe nos próximos dias, precisa ir ao pronto-socorro. A leptospirose é uma doença simples, mas pode matar, precisa ser tratada logo", diz Teixeira.

Não é apenas o contato com a água que determina quem vai ter leptospirose. O problema da enchente é que ela faz esgotos e bueiros -locais que costumam ter ratos- transbordarem, espalhando a urina. Em contato com a pele, a bactéria entra no corpo através de ferimentos, frieiras, cortes, unhas encravadas, lesões e arranhões. Àreas com menos ratos e pessoas sem ferimentos estão, portanto, menos sucetíveis.

Casas e áreas invadidas pela água devem ser lavadas com água sanitária para eliminar a leptospira e é preciso cuidado na hora de fazer a higienização: levar a mão suja à boca pode trazer outra doença, a hepatite A.

Para Teixeira, a solução pública para o problema está no combate às enchentes, não aos ratos. "É importante controlar a população de ratos, mas sempre vai ter rato, bueiro sempre vai ser fonte de leptospirose. O que tem como evitar é a difusão dessa urina", afirma.

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