Enfermeira é presa por praticar abortos em hotéis de BH; 25 casos são investigados

Bruno Inácio
06/09/2019 às 17:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:27
 (Bruno Inácio )

(Bruno Inácio )

Pelo menos 25 mulheres podem ter cometido aborto clandestino com a ajuda de uma enfermeira presa na manhã desta quinta-feira (6), em Belo Horizonte. A suspeita, de 36 anos, foi detida em um hotel na região Leste da cidade, onde realizaria o procedimento em duas mães.

O esquema vinha sendo investigado há quatro meses e envolvia propagandas em uma página no Facebook. Cerca de R$ 5.000 era cobrado por procedimento, que era feito usando comprimidos abortivos comprados na internet.

O delegado Emerson Morais, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que, dentre as pessoas já identificadas como clientes da mulher, um casal é oriundo de Lisboa, em Portugal.

“Todas essas pessoas serão chamadas a depor, pois se não apresentarem certidão de nascimento ou óbito de seus bebês ou apresentarem certidão médica indicando o motivo legal para interrupção da gravidez, deverão responder legalmente”, afirmou.
Ao ser detida, a enfermeira, que é também estudante de jornalismo, não quis prestar depoimento e disse que só faria declarações em juízo. Ela já chegou a ser detida a vez, anteriormente, por furto.

Apreensões

Quando a polícia chegou ao hotel para efetuar a prisão da mulher encontrou duas mães que se preparavam para abortar. Uma delas estava com três meses de gestação e a outra com dois. Com elas, foram encontrados R$ 5.500 e R$ 5.000, respectivamente, para pagar pelo procedimento.

No local, foram apreendidos frascos de um líquido que, segundo as mulheres, seria ingerido, além de comprimidos abortivos e materiais de enfermagem, como bisturi, curativos, luvas e seringas.

A suspeita vive em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Na casa dela foram encontrados outros materiais para interrupção de gravidez, além de mais R$ 9.000 que também seria fruto de crimes.

Ela responderá por provocar interrupções de gravidez com consentimento da mulher, crime que prevê de 1 a 4 anos de prisão, mas a pena será multiplicada por cada aborto que for provocado. Além disso, está presa preventivamente por crime hediondo de manter sob guarda medicamentos proibidos, o que pode dar até 15 anos de cadeia.

Já as mulheres que estavam com ela passaram por exames no Hospital Odilon Behrens, que mostrou que elas ainda estavam grávidas e, por isso, foram liberadas. Já as outras 25 que serão investigadas, podem ser presas caso os procedimentos se confirmem.

Como cada procedimento era realizado em um hotel diferente,  fim de ludibriam a Polícia, os investigadores acreditam que os donos das redes não eram cúmplices. Eles não serão investigados.

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