Continua internado em estado grave o engenheiro Gil Augusto Gomes Barbosa, de 53 anos, baleado na cabeça no sábado (08) ao sair da Linha Amarela, uma das principais vias expressas do Rio, e entrar por engano na Favela Vila do João, no Complexo da Maré, zona Norte da cidade. O catador de latas Josias Tenório da Silva, que passava a pé pela via expressa, foi atingido por uma bala perdida nas nádegas. Ele passa bem.
Segundo a Polícia Civil, Barbosa estava indo buscar sua mulher no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, zona norte, quando recebeu uma ligação dela avisando que já estava num táxi de volta para casa, na Barra da Tijuca, zona oeste. O engenheiro, então, decidiu pegar um retorno e entrou por engano na Vila do João, que fica às margens da Linha Amarela. Ele acabou sendo atingido por um tiro, supostamente efetuado por traficantes.
Em depoimento a policiais da 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso), Silva disse que chegou a ver o Sportage branco do engenheiro entrando na favela e, em seguida, ouviu os disparos. O veículo já foi periciado. Segundo a polícia, o projétil que atingiu Barbosa entrou pelo vidro traseiro esquerdo do carro, que tinha película escura (insulfilm) em todos os vidros. O engenheiro foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila do João, e depois, transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, zona norte. Já o catador foi levado a um hospital particular em Olaria, também na zona norte.
Formado por 15 favelas cujo controle territorial é dividido por duas facções de tráfico de drogas e por uma milícia, o Complexo da Maré possui cerca de 130 mil moradores e atualmente é uma das regiões mais perigosas do Rio. O conjunto de favelas é cortado pelas três principais vias expressas da cidade: Linhas Amarela e Vermelha, e a Avenida Brasil. A comunidade é rota obrigatória para quem chega ao Rio pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim e precisa se deslocar em direção ao centro, à zona sul ou à Barra da Tijuca, na zona oeste. A Maré deve ser a próxima região a ser ocupada pelas forças de segurança para instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
outro caso
Na madrugada de 19 de maio, o assistente de direção da TV Globo Thomaz Cividanes, de 25 anos, dirigia um carro blindado, com placa de São Paulo, quando entrou por engano no Morro do Dezoito, no bairro de Água Santa, zona norte do Rio, e também foi atacado a tiros por traficantes. Apesar da blindagem, ele foi ferido na perna por uma bala que conseguiu atravessar a porta.
A vítima tinha inserido no GPS do carro o endereço para onde iria: Rua Jornalista Tim Lopes. No entanto, seguindo as indicações erradas do aparelho, acabou entrando na favela. Mesmo ferido, ele conseguiu dirigir até a Rua Cairuçu, em Vila Valqueire, bairro próximo na zona norte, onde moradores chamaram policiais militares e bombeiros. O rapaz foi levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte. No dia seguinte, a vítima foi transferida para um hospital particular na capital paulista.
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