JULGAMENTO

Engenheiro é condenado a mais de 5 anos de prisão por tentativa de homicídio contra Henrique Papini

Rafael Bicalho vai cumprir a pena inicialmente em regime semiaberto, sem o direito de recorrer da decisão em liberdade

Do HOJE EM DIA
portal@hojeemdia.com.br
28/03/2025 às 07:49.
Atualizado em 28/03/2025 às 15:39
O engenheiro Rafael Bicalho foi condenado a 5 anos e 5 meses de prisão por tentativa de homicídio (Joubert Oliveira/Fórum BH)

O engenheiro Rafael Bicalho foi condenado a 5 anos e 5 meses de prisão por tentativa de homicídio (Joubert Oliveira/Fórum BH)

Após intensas 15 horas de julgamento, o engenheiro Rafael Bicalho, de 27 anos, foi condenado a 5 anos e 5 meses de prisão por tentativa de homicídio contra o médico Henrique Papini, de 30. O veredito, proferido na madrugada desta sexta-feira (28), em Belo Horizonte, encerrou um caso que se arrastava desde setembro de 2016. Bicalho vai cumprir a pena inicialmente em regime semiaberto, sem o direito de recorrer da decisão em liberdade.

O júri popular, composto por quatro homens e três mulheres, deliberou no 3° Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, no Barro Preto. Rafael Bicalho foi acusado de espancar Henrique Papini na saída de uma boate no bairro Olhos D'Água, na Região Oeste da capital mineira, motivado por ciúmes de sua ex-namorada.

A sentença foi determinada pelo juiz Luiz Felipe Sampaio Aranha, que negou ao réu a possibilidade de recorrer em liberdade. O julgamento teve início por volta das 10h30 da quinta-feira (27) e se estendeu até 1h22 desta sexta.

Em seu depoimento, Rafael Bicalho relatou ter flagrado Henrique Papini com sua então namorada no fim de semana anterior às agressões. Essa descoberta teria levado ao término do relacionamento e, segundo ele, motivado a discussão que culminou na violência na saída da boate Hangar 677.

Bicalho afirmou ter abordado Papini na rua, após a festa, com a intenção de "acertar a situação" em relação à ex-namorada. Ele relatou que houve uma discussão e, em seguida, as agressões tiveram início. O réu alegou que ninguém tentou intervir e que ele próprio parou ao perceber que a "briga havia passado dos limites".

O engenheiro expressou surpresa com a gravidade das lesões sofridas pelo médico, que à época do crime ainda era estudante de medicina. Papini sofreu graves sequelas, incluindo paralisia facial, perda de audição em um dos ouvidos e danos permanentes no olho esquerdo.

Intenção de matar

O julgamento ocorreu quase oito anos após o crime. Rafael Bicalho respondia por tentativa de homicídio triplamente qualificado – por motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A acusação argumentou que havia clara intenção de matar e que Papini sobreviveu apenas graças ao socorro de terceiros.

A defesa, liderada pelo advogado Zanone Júnior, buscou desqualificar o crime, argumentando que não houve premeditação e que se tratou de uma briga com consequências lesivas, mas sem a intenção de matar. "Vamos mostrar que houve uma briga, que teve consequências porque as lesões estão aí. Agora, falar que houve intenção de matar, o processo não demonstra isso", declarou o defensor, anteriormente.

Henrique Papini, por sua vez, refutou veementemente a tese da defesa. Em nota divulgada antes do julgamento, afirmou que já havia sido ameaçado por Bicalho antes da agressão e que o Judiciário já havia reconhecido a tentativa de homicídio. "Suas atitudes e as consequências da agressão falam por si", declarou o médico.

Na manhã da quinta-feira, familiares e amigos de Papini se reuniram em frente ao Fórum Lafayette para pedir justiça. "Todos os dias eu acordo e lembro. Sempre que vou ao espelho, eu me lembro", relatou o médico, visivelmente emocionado.

O que disse a família de Rafael Bicalho após a condenação

A família de Rafael Bicalho enviou uma nota para comentar a condenação. Os parentes informaram ter recebido "com profunda tristeza e consternação a decisão do júri". No comunicado, reforçaram que o engenheiro "jamais tentou matar Henrique Papini", alegando que ocorreu uma briga, "um momento de descontrole que ele nunca imaginou que resultaria em ferimentos tão graves".

Ainda conforme a nota, Rafael já havia enfrentado as consequências dos atos. "Foi preso, usou tornozeleira eletrônica, cumpriu medidas restritivas e pagou uma indenização de quase meio milhão de reais. Ele nunca se esquivou de sua responsabilidade. Mas acreditávamos que a Justiça reconheceria a diferença entre um ato impensado e uma intenção criminosa que ele nunca teve. Seguimos confiando que, em algum momento, a verdade será plenamente reconhecida".

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por