Valéria Esteves
Repórter
valeria@onorte.net
Ano de boas realizações no Norte de Minas. A região mobilizou várias cadeias produtivas, do cogumelo do sol, da ovinocaprinocultura, apicultura entre outros, que só tendem a crescer no ano vindouro.
Em busca da reformulação das leis que avaliam a qualidade do produto previstos pela Anvisa - Agência nacional de vigilância sanitária o departamento de Bem Estar Social da Emater quer junto com os produtores encontrar formas de enquadrar a lei à realidade vista na agricultura familiar. Segundo a coordenadora geral da equipe técnica de Bem Estar Social da Emater, Maria de Lourdes Vieira Leopoldo, em estada em Montes Claros nesse ano, responsável por acompanhar cerca de 88 municípios, em alguns lugares as associações e cooperativas estão mais adiantas no processo de comercialização.
- Muitas recebem auxílio de órgãos como Sebrae, que tem orientado as atividades por meio da gestão estratégica orientada para resultados, caso especificado pela cooperativa de catadores de pequi de Japonvar.
ORGANIZAÇÃO
Na explanação da cooperativa de Japonvar, a pouca organização resultou em preços baixos da caixa do pequi que chegou a ser comercializada a cinqüenta centavos. Nessa época a safra é magra e pouca gente tem conseguido tirar um rendimento razoável como há muito acontecia.
O que se percebe é que o velho ditado, a união faz a força, é que vai manter as entidades empenhadas a produzir mais e um melhor produto. Algumas associações e cooperativas dos municípios de Mirabela, São João do Pacuí, Bocaiúva e Projeto Jaíba estão com uma parceria com a Conab - Companhia nacional de abastecimento dos agricultores familiares, que prevê que elas forneçam alimentos para as creches, asilos, hospitais e escolas o que tem sido um incentivo à produção, já que é preciso ter um retorno para se continuar a fabricação dos alimentos.
GULOSEIMAS
Ana Felizarda e Luiza Martins Barbosa, ambas representantes da Associação de mulheres do Jaíba e pertencentes à Cozinha sertaneja degustam o trabalho com gostinho de alçar novos vôos no mercado se depender da força de vontade.
Desde novembro de 2003 essas mulheres se desdobram na fabricação de guloseimas como pães caseiros, biscoitos, doces e chips de banana com maquinário de primeira qualidade doado pelo idene e que tem facilitado bastante o serviço.
Ana Felizarda diz que os trabalhos e os obstáculos deste ano serviram para aprender sobre a maneira certa de se comportar no mercado, mas acredita que as leis ainda não beneficiam os pequenos produtores.
Sobre esse assunto, a coordenadora comenta que as leis foram criadas baseadas na produção de grandes empresários, agroindustriais, que têm como atender a todas as exigências da Anvisa e principalmente têm mão-de-obra preparada para isso, mas é impossível que um pequeno produtor concorra com um maior do que ele.
- Enquanto os produtores não forem capacitados será impossível concorrer com qualquer produtor. Por esse mesmo motivo o seminário serviu para que o próprio agricultor externalisasse suas necessidades para que nós, da Emater, pudéssemos saber exatamente como trabalhar.
Ela ainda fala que a lógica da agricultura familiar não é a monocultura e, sim, a multicidade de atividades em uma mesma área, motivo pelo qual tanto interesse em se organizar para alcançar o objetivo de aumentar a renda familiar em uma associação ou cooperativa.
EQUIPE
Sobre a questão do bem estar social, Maria de Lourdes lembrou em entrevista a O Norte que há vários problemas que o circunda como a precariedade na saúde, habitação, educação entre outros, que precisam ser resolvidos e que foi por isso que a Emater resolveu trabalhar essa área.
A equipe que atua a cerca de 14 meses no Jaíba tem obtido bons resultados, o avanço da Cozinha sertaneja é um exemplo de que os trabalhos de orientação e capacitação para a fabricação dos alimentos e a orientação sobre seu valor nutricional dos alimentos têm ajudado as mulheres a produzir mais e melhor.
Quanto ao resultado do evento, a coordenadora diz que ficou surpresa já que esse foi o primeiro seminário a colocar o produtor para falar. Igual a esse, vão acontecer mais cinco em outras regiões do estado.
COGUMELO
Assim como nos outros setores o cultivo de cogumelo do sol já é realidade em Montes Claros. A Aproconova - Associação dos produtores de cogumelos do sol do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha está comercializando o famoso Agaricus Blazei Murril até a R$ 220 o quilo para o Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Belo Horizonte e Bahia, sem contar com os vários quilos que têm chegando à mesa dos consumidores japoneses conhecedores do verdadeiro sabor do cogumelo do sol.
Assim como as cadeias produtivas da apicultura e da ovinocaprinocultura, a do cogumelo do sol também recebeu amparo do Sebrae para capacitar os sócios da Aproconova no intuito de organizar as idéias para se equipar para o embate com o temido mercado. Com a nova metodologia de divulgação do trabalho, gerenciada pela Geor - Gestão orientada para resultados, o Sebrae tem analisado todos os projetos encaminhados para ele, tudo para fazer do Norte de Minas um dos pólos de comercialização e acima de tudo proporcionar às pessoas envolvidas nas atividades uma renda satisfatória, já que muitas pessoas têm, por exemplo, a apicultura como primeira atividade, aquela que garante o sustento da família do pequeno produtor, caso visto em Bocaiúva.