Circuito Urbano de Arte convida a comunidade a repensar ocupação dos espaços públicos
Grafiteira de longa trajetória, Clara Valente fará sua primeira empena nesta edição do CURA (divulgação)
A partir de quarta-feira (23) Belo Horizonte abre espaço para a nova edição do CURA - Circuito Urbano de Arte. A marca do festival é transformar espaços urbanos em galerias a céu aberto. Desta vez, a lista de artistas participantes é composta exclusivamente por mulheres. Uma delas é Clara Valente, reconhecida como a primeira grafiteira belo-horizontina, e a quem caberá o trabalho na maior empena do Brasil em área!
Com 1.928 m², a obra será realizada na lateral do prédio da sede da operadora Claro na capital mineira (Rua Espírito Santo, no Centro), e terá como tema a “conexão entre a cidade e a natureza e entre o homem com o mundo”. A pintura sugere a comunhão entre os quatro elementos – terra, fogo, ar e água – e faz um paradoxo com a cidade.
A artista anfitriã da vez recebe a artista indígena Liça Pataxoop, educadora e liderança da aldeia Muã Mimatxi, em Itapecerica (MG) e Bahati Simoens, artista nascida no Burundi, com descendência congolesa e belga e hoje radicada na África do Sul. O trabalho de Pataxoop será visto no Edifício Lebron, na praça Raul Soares, região central de BH.
As obras de Liça se fazem com a metodologia dos tehêys, um instrumento de pesca que ganhou outros sentidos e se transformou em um método de ensino praticado nas aldeias. Símbolo dos Pataxoop, os tehêys são como redes, armadilhas tecidas com corda de tucum e cipó, utilizados especialmente pelas mulheres e crianças pescarem nos rios. Quando se “terreia”, a água abaixa e ficam os peixes, o alimento.
A edição deste ano do CURA propõe uma discussão sobre comunidade e território. A proposta é direcionar o olhar para as comunidades e sua produção cultural. O festival tem curadoria de Flaviana Lasan, Janaína Macruz, Juliana Flores e Priscila Amoni.
Formada em pintura e desenho pela Escola Guignard, da UEMG, Clara já participou de festivais de arte no Brasil, Uruguai, Alemanha e Canadá. Seu trabalho transcende fronteiras e técnicas, explorando modalidades como escultura, cerâmica, murais, fotografia, videoarte e instalações.
Desde 2021 o CURA ocupa a Praça Raul Soares. Neste ano, a provocação é clara: e se a praça fosse mais que uma rotatória, fosse mais do que apenas um lugar de passagem? E se ela pudesse se transformar em um verdadeiro parque, um espaço de convivência que acolhesse mães, crianças e idosos? O CURA 2024 propõe uma transformação do espaço urbano em um ambiente de pertencimento e permanência.