A arte como superação: espetáculo reflete trajetória de Camille Claudel

Jéssica Malta
31/07/2019 às 09:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:47
 (Carolina Lobo/Divulgação)

(Carolina Lobo/Divulgação)

Considerada um dos grandes gênios da escultura, a artista plástica francesa Camille Claudel teve que enfrentar muitos obstáculos ao longo da vida. É com os olhos voltados para um dos períodos mais difíceis da trajetória da artista – os 30 anos de confinamento em hospício – que o espetáculo “Camille Claudel” se desenvolve. Com o formato monólogo, a peça fica em cartaz de quinta a domingo, no Teatro Marília.

Embora não existam registros de que Claudel tenha produzido durante a internação, é a partir dessa criação fictícia que a peça é construída. “Pegamos coisas que aconteceram e colocamos como delírios dela e ela querendo desenhar como uma forma de superar isso”, explica a atriz, cantora e artista plástica Ivana Andrés.

Usando a arte como forma de escape para a personagem, que precisa lidar com a solidão do confinamento e com suas angústias, a montagem também permite que Andrés coloque em cena o seu trabalho em outras áreas da arte. Em cena, além de atuar, ela canta, desenha e faz pequenas esculturas de massa de modelar. 

Feminismo

Escrito pela atriz e o marido, Luciano Luppi, o texto é baseado em cartas trocadas entre Claudel e o escultor August Rodin, de quem era amante. Mas, embora nasça das correspondências trocadas entre eles, não tem como foco a vida pessoal de Claudel. 
“Coloquei como eixo de conflito a questão feminina. Ela era uma mulher que morava sozinha, em uma época em que isso era julgado. Ela trabalhava em um período em que a mulher não poderia trabalhar”, ressalta a atriz. 

Embora avanços tenham acontecido e o cenário atual seja bem diferente do vivido por Claudel no século 20, a atriz acredita na atualidade da discussão levantada pelo texto, que trata da busca e da importância dos direitos para as mulheres. “O feminismo está em alta e com toda razão, porque agora, principalmente no Brasil, estamos sofrendo discriminação por parte do governo, assim como outras minorias”, sublinha a atriz.

Nesse sentido, ela destaca a relevância da temática trabalhada no palco. “É preciso semear questionamentos e reflexões na mente do público para que ele conheça mais as propostas dos direitos que as mulheres devem ter na sociedade”. 

É inspirada também pelo feminismo e pela luta das mulheres que Andrés prepara outros dois espetáculo que apresenta neste mês. O primeiro é “Somos Todas Simone de Beauvoir”, peça em que conta histórias de mulheres como Malala Yousafzai, Maria da Penha, Frida Kahlo e também de “anônimas”. Apresentação única dia 14, no Centro Cultural UFMG. A outra montagem é “As Pedras de Virgínia Woolf”, que coloca a escritora inglesa em debate com seus personagens e que fica em cartaz do dia 16 ao dia 18, também no Centro Cultural.

“São trabalhos que estão todos interligados e que também bebem um pouco de cada uma dessas importantes figuras”, defende.

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