À margem da Copa, gentrificados são revelados em documentário

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
02/07/2014 às 07:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:13
 (samuel costa/divulgação)

(samuel costa/divulgação)

O tema é a Copa do Mundo no Brasil. Mas o que “Gentrificados – O Impacto de Megaeventos na Vida dos Brasileiros” mostra está muito distante dos principais palcos de jogos e reunião de turistas.

Com estreia nesta quarta-feira (02), às 20h, no Sindicato dos Jornalistas, o curta-metragem traz à tona um grupo ainda pouco conhecido: os gentrificados, aqueles que foram removidos por conta das obras.

Calcula-se em 200 mil o número de pessoas que saíram de seus locais de origem para encontrar uma situação pior do que viviam. Além da distância, essas famílias se viram sem serviços básicos.

“Em Cuiabá, levaram pessoas para conjuntos distantes quando ainda só havia uma placa dizendo ‘breve uma escola aqui’. Não se tinha hospitais nem postos de saúde”, lamenta o diretor Bruno Moreno.

SÉRIE PREMIADA

Desde 2007 acompanhando as obras e os gastos públicos para a realização da Copa do Mundo no país, Moreno é jornalista do Hoje em Dia e assina o filme ao lado do fotógrafo Samuel Costa.

A ideia do documentário nasceu “em cima da hora”, quando estavam no aeroporto para iniciar uma maratona de viagens em função da série de reportagens “Copa Sem Escola”, publicada em maio.

Premiado no 7º Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, Moreno recebeu R$ 11.500 para a reportagem. Valor gasto em seis itinerários: Cuiabá, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Como o concurso obrigava a incluir na pauta temas relacionados à infância e adolescência, a dupla deixou para o filme uma abordagem mais ampla sobre a questão, que raramente frequentava as páginas de jornais.

AFÃ

“Quando esse tema entrava na mídia, geralmente era dirigido para os atrasos nas obras ou sobre pessoas reclamando do pouco dinheiro que receberam”, registra Moreno.

Os problemas de áudio e captação de imagem são justificados pelo afã de aproveitar as entrevistas para colher material para o filme. “É muito difícil encontrar as pessoas depois de terem sido removidas”, afirma.

No Rio de Janeiro, por exemplo, Moreno beirou ao desespero quando vários dos entrevistados tinham “desaparecido” sem deixar aviso. Os Comitês dos Atingidos pela Copa foram fundamentais nesse rearranjo.

“Eles nos apresentaram novos personagens que, com o tempo, percebemos que foram escolhas melhores dos que as anteriores”, destaca o diretor, que pretende captar recursos para produzir um longa sobre o tema.

“Gentrificados – O Impacto dos Megaeventos na Vida de Brasileiros” – nesta quarta-feira, às 20h, no Sindicato dos Jornalistas (Avenida Álvares Cabral, 400). Haverá debate e show após a sessão. Entrada franca.

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