(Divulgação)
Scarlett Johansson é de outro planeta. Em se tratando de beleza, não chega a ser uma novidade, mas a expressão ganha outro cunho quando olhamos para seus mais recentes personagens, especialmente nos filmes “Ela” (já nas locadoras), “Sob a Pele” e “Lucy”.
O corpo e a sedução sempre foram, em menor ou maior grau, ingredientes que a atriz soube trabalhar a favor de seus papéis. Mas agora Scarlett parece querer extrapolar isso em personagens no mínimo estranhos, como a alienígena em “crise de consciência” na ficção científica escocesa “Sob a Pele”. Ou a garota meio desmiolada de “Lucy” (ainda em cartaz) que, devido a uma potente droga, chega ao máximo de desenvolvimento de seu cérebro. Lucy lentamente vai perdendo a sua matéria, desaparecendo no ar ao interagir com o tempo e o espaço, não sem antes dominar todos os elementos e constatar que o homem ainda tenta entender o seu futuro mesmo depois de 3,5 milhões de a primeira Lucy (nome do fóssil de um Australopithecus afarensis encontrado na Etiópia, em 1974) ter peregrinado pela Terra.
Lucy se desmaterializa, assim como a misteriosa mulher de “Sob a Pele” arranca a pele humana de seu corpo, revelando ser uma extraterrestre. Sua função é seduzir homens e aprisioná-los. Depois, parece sentir compaixão pelos humanos e foge.
Se colocarmos os terráqueos no lugar dos visitantes do espaço, chegaremos à mesma intenção de dominação e manipulação que imputamos a tudo que parece ser inferior.
No filme, as presas são homens que não conseguem dizer “não” ao charme da moça. Ludibriados por apelos fáceis, são conduzidos por uma trilha que os levará, ao invés da cama, a um lago negro.
É interessante observar como o corpo de Scarlett é explorado de maneira fria e deselegante, provocando no espectador repulsa e terror. A questão do corpo chega ao cúmulo de não existir em “Ela”, um dos indicados ao Oscar desse ano. A personagem está presente apenas na voz, como um programa de computador que desperta a paixão de um escritor solitário.
A máquina não é diferente da alienígena e da “mulher invisível”, que, numa leitura feminista, representariam o oposto da imagem de sexo frágil. É fruto de um futuro em que seria (será?) impossível se relacionar com o outro sem o auxílio da tecnologia. Assim como em “Lucy” e “Sob a Pele”, o personagem da atriz se humaniza, num sacrifício que pode não ser recompensador.