“A tolice da inteligência brasileira” leva selo da Leya

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
28/02/2016 às 10:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:36
 (Yasuyoshi Chiba)

(Yasuyoshi Chiba)

Um livro pertinente para quem não quer ficar sem argumentação nas discussões que, nos dias atuais, se espraiam por todo lado, a toda hora, no bojo da crise em curso: de uma lanchonete popular a um restaurante cinq étoiles. “A Tolice da Inteligência Brasileira” (Editora Leya), de Jessé Souza, foi lançado no final do ano passado.
Nele, o cientista político aborda temas espinhosos, como a disparidade vigente na distribuição de renda no país e os privilégios que muitos (“muitos”, claro, dentro de uma minoria) assumem como “naturais”.

“Indivíduos e classes sociais inteiras têm que, efetivamente, ser feitos de ‘tolos’ para que a reprodução de privilégios tão flagrantemente injustos seja eternizada”, dispara Jessé, na obra que denuncia a criação de uma “ciência para interesses” criada por privilegiados para a manutenção de seu status quo.

A noção de corrupção – “compreendida como vantagem ilegítima em um contexto de pretensa igualdade” – é um dos focos de Jessé Souza, que, porém, estende seu objeto de estudo para abarcar também os corruptores no mercado. “Na realidade, quase sempre que existe corrupção no Estado há também corruptores no mercado”, afiança.E denuncia:
“Quando se diz que uma classe ainda não percebeu os males do estatismo e não descobriu ainda o maravilhoso mundo do mercado e suas virtudes e liberdades, o que se pretende é influenciar a trajetória dessa classe em dada direção muito particular”.

A metralhadora giratória de Jessé é disparada em muitas direções, mas como questionar enunciados como o de que “não existe problema real no Brasil que não advenha de sua monumental desigualdade: (in)segurança pública, gargalo da mão de obra qualificada, escola e saúde pública de má qualidade”. Duvidar, quem há de?

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