''A velhice não acaba com ninguém", diz Ignácio de Loyola Brandão, no Flipoços

Elemara Duarte* - Hoje em Dia
27/04/2015 às 22:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:48
 (Bruno Alves/Flipoços)

(Bruno Alves/Flipoços)

POÇOS DE CALDAS – Perto de completar 80 anos de idade, o escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão, retifica: "Vou completar é 99!''. Pura brincadeira. ''Chamar de idoso, eu odeio. De terceira idade, melhor idade, também. Eu sou velho! Por que este preconceito?'', provoca o último convidado que subiu ao palco, nesta segunda-feira (27), durante o Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços), no Sul de Minas.

E Brandão ensina: ''A velhice não acaba com ninguém. Eu nunca tive tão bem como agora. Claro que o corpo não responde tão bem como respondia''. Mas... o autor enumera que está "escrevendo, palestrando, viajando, se divertindo, bebendo, comendo e amando''. ''É... Tenho uma mulher fantástica''.

Não que o escritor de Araraquara (SP) tenha entrado em uma espécie de "síndrome de Peter Pan''. Pelo contrário. ''Eu tenho o espírito de um homem de 79 anos. Sou uma pessoa que amadureceu, mas que gosta da vida'', avisa.

Fora um ou outro momento de melancolia e a perda de alguns amigos da mesma geração, por causas naturais, Brandão diz que é uma pessoa que procura não pensar na idade que tem. ''Vejo a cronologia funcionar por meio das pessoas''. O "fenômeno", diz, refere-se aos momentos em que vê filhos, netos dos amigos crescendo e encarando os desafios. ''Isso é vida para mim''.

Sobre a efeméride, que se dará em julho do ano que vem, nada de comemorações. ''Centenário, bicentário... Nada! Mas eu dou graças por estar vivo''.


Atarefado

Entre os afazeres que não se esgotam, o autor escreve livro institucional sobre uma cancerologista, também de 80 anos, e que ainda opera, além do roteiro de um curta-metragem para filho. Outro roteiro vai para o show da filha que é cantora, Rita Gullo, que interpreta clássicos da cantora Maysa (1936-1977), no qual Brandão fala sobre a homenageada. E tem mais. O autor escreve crônicas periódicas para jornais brasileiros.

''Veja, não dá tempo para pensar que vou fazer 80 anos'', diz ele, que é autor de mais de 20 livros, e que venceu o Prêmio Jabuti, de 2008, pelo livro ''O Menino que Vendia Palavras''. Neste ano, Brandão lança livro que levou 70 anos para concluir - ''Os Olhos Cegos dos Cavalos Loucos'' - em homenagem ao avô.

''As pessoas estão indo. E eu também vou. Mas quero que coloquem sobre a meu túmulo: 'Estou aqui contra a minha vontade'', brinca.


Mais Flipoços

Nesta terça-feira (28), os destaques ficam por conta do escritor Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura. Galeno fala sobre o papel da internet no resgate, armazenamento e divulgação das obras literárias. Outro destaque é o “Encontro Arte da Periferia”, com nomes da cultura hip hop que vão falar sobre literatura nos guetos.

Tudo grátis, no Teatro da Urca, que também sedia a Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas, com livros a partir de R$ 3. Neste ano, o tema do evento é “A Literatura Como Resgate da Velha Infância”.

 

*A repórter viajou a convite do Flipoços. 

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