A voz por trás de "Chorando se Foi" festeja 40 anos de carreira

Patrícia Cassese - Do Hoje em Dia
18/02/2013 às 09:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:05
 (Divulgação)

(Divulgação)

Mesmo quem só se arrisca a soltar a voz debaixo do chuveiro é capaz de imaginar a "responsa" que é estar entre as 20 vozes mais ouvidas no mundo, segundo o Guinness Book. "Tudo fica muito além do sonho", diz Loalwa Braz – a brasileira a figurar neste seleto time, por conta da versão de "Chorando Se Foi", que estourou mundialmente com o Kaoma (1989-1999), dando visibilidade à lambada. Recentemente, Jennifer Lopez bombou com "On The Floor", que a cita".

Modesta, Loalwa entende que o artista tem que acreditar em seu trabalho, e "sonhar com o sucesso, mesmo que o resultado não seja o esperado". "Quando, inesperadamente, o sucesso é mundial, grandioso e que perdura, caso da boliviana ‘Chorando se Foi’ (Ulysses e Gonzalo Hermosa/versão de Marcia Ferreira e Jose Ari) e da lambada, então... Quando penso nas viagens da minha voz, sinto muito orgulho. Só agradeço a Deus. Tem muita gente talentosa merecendo realizações".

Uma carreira internacional, lembra ela, implica em dificuldades. "Deixamos várias vezes a família em segundo plano, perdemos o crescimento das crianças, o envelhecimento dos parentes, os aniversários dos amigos... São lágrimas e sorrisos na mesma intensidade... Mas fica a certeza... Não poderia ter sido diferente, minha profissão foi a que escolhi e amo, só tenho a agradecer a Deus".

A responsabilidade, acrescenta a cantora, além da musica, seria o dever intrínseco a uma pessoa pública, de dar bons exemplos. "Eu tento...", pondera.

Turnê

Aos 59 anos, Loalwa está completando 40 anos de carreira. Baliza que a faz aventar a hipótese de voltar a se apresentar no Brasil (há anos ela mora na Europa). "Estamos com algumas propostas. A turnê será, com certeza, o maior momento da minha carreira. Poder mostrar ao meu povo um pouco mais de mim, através das minhas musicas. Quero ouvir os brasileiros cantando e gostando de cantar minhas letras e melodias".

Se BH estaria no roteiro? Bem, ela diz que é só chamar. "Tenho dois irmãos mineiros, André Luis e Lusandre, que amo demais. E dois grandes amigos, a cantora Niúza, com a qual aprendi muito, e Antonio Cançado, criador do maravilhoso site Brasil.FR, o portal do Brasil na França. Sou apaixonada pelo tempero mineiro, acho o mais gostoso do Brasil! Só de pensar fico com água na boca".

"Voltar para casa é voltar para o Brasil"

Loalwa prefere dizer que mora entre a França e o Brasil. "Cada vez mais, é aqui que quero ficar. Mesmo que viaje muito, o voltar para casa é voltar ao Brasil. Meus filhos voltaram há bastante tempo. O José Carlos (36 anos) é jornalista e professor de inglês e francês, optou por lecionar no Espírito Santo. O Bruno, 34, é meu secretário na Braz Brasil Produções e se ocupa dos contratos internacionais.

Os dois têm muito talento para a musica, mas nunca quiseram "esta vida de loucura de vocês", como disseram. Meu ex-marido, o Zé Carlos Bigorna, é um grande musico brasileiro".

Encontro com o papa e convite da Interpol

Loalwa Braz adorou "On The Floor", de JLo. "O hit trouxe de volta a nossa história, e virei cult (risos). Adoro a Jennifer". Mas, muito além da música, é bom lembrar que a Loalwa é embaixadora do Brasil pela causa "Proud To Be", que luta contra o comércio ilegal de medicamentos falsificados.

"Fui convidada pela capitã Aline Plançon, da Interpol, em 2012. Não sabia que este comercio ilegal era tão absurdo. Remédios são vendidos nas farmácias, não pensei que fosse diferente, que poderíamos aceitar tamanha discrepância. O problema é mundial e, se posso ajudar, mesmo um pouquinho, fico feliz".

Não só. Ela também representou o país em um encontro com o Papa Bento 16, agora às vésperas do fim de seu mandato. "Vi ele bem de perto e senti a enorme energia positiva da fé das pessoas que lá estavam, vindas de várias partes do mundo. Fomos recebidos na sala San Paolo. Foi uma emoção muito forte participar do ‘Concerto di Natale 2012’, ainda mais com a Fundação Dom Bosco direcionando a renda as crianças brasileiras e adolescentes de Corumbá".

A queda do muro

Sim, emoções são constantes em sua trajetória. E talvez a maior tenha sido as pessoas dançando ("Chorando Se Foi") ‘sobre’ o Muro de Berlim. Foi um testemunho marcante demais em minha vida profissional. Eu estava lá, com um martelo na mão, ajudando a quebrar muito mais que um Muro, nem consigo colocar o M minúsculo".

E teve mais. "Em Porto Rico, tive convulsões em cena, tamanha a energia daquele publico. E a contagiante alegria das pessoas dos países do Leste europeu, a volta ao Brasil em 1990, no show do Canecão...".
 

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por