Ação ‘Listening To The Sheep Sleeping’ chega a BH

Corria o ano de 2008 e a mente de Alexandre D’Angeli andava às voltas com questionamentos referentes à profissão pela qual optou, a de artista. Então estudando em Paris, ele se viu desafiado a, em meio a um curso de mímica corporal dramática, escolher um animal, como alvo de investigação. Nem houve titubeios: o artista optou pela ovelha, pensando em características que atribuía ao animal – como passividade e facilidade no manejo – e que tinham a ver com suas indagações em curso.

Surgia, ali, a instigante ação performativa “Listening To The Sheep Sleeping”, que chega na madrugada desse domingo (13), dentro da Virada Cultural. Nela, o público é convidado a se deitar ao lado de Félix, um homem com cabeça de carneiro, e escolher entre quatro textos (de autoria de Caco Glalhardo) que dizem respeito à vida da figura híbrida.

A performance abarca (como é possível ver na foto acima) uma cama de casal, na qual o visitante (um por vez) se deita ao lado do performer e escolhe entre os quatro textos, disponibilizados em áudio por meio de aparelhos de MP3 e fones de ouvido, dispostos em um criado-mudo. Não há um tempo determinado para cada contato, mas vale a regra de que é possível ouvir apenas um texto por vez – portanto, se o espectador quiser voltar para ouvir outro, deve retornar à fila. O sono do “sheep” terá duração de 180 minutos.

Reações

Se a iniciativa nasceu em Paris, quando Alexandre retornou ao Brasil, a ação, digamos assim, ficou um tempo hibernando. Ano passado, Alexandre foi convidado pelo Sesc Ipiranga (SP) para uma ocupação (“Logo Ali”) de um casarão histórico, na qual ocupou um quarto com “Listening”. O retorno superou as expectativas e veio a confirmação de que sim, havia potência para dar sequência ao trabalho. Entre dezembro e janeiro, a ação teve outro palco, a Casa das Rosas, também em Sampa. “E, mais uma vez, funcionou superbem”. Recentemente, D’Angeli passou pela região Serrana do Rio de Janeiro, também a convite do Sesc.

As reações do público, segundo o artista, são das mais variadas. “Tem gente que mexe, que quer cutucar, pegar na orelha, gente que fica mais próximo. E há quem se sinta incomodado, como uma mulher, em Nova Friburgo. O interessante é a figura do artista em cena, em uma ação que te propõe outra relação de arte. Se a pessoa não sentir confortável, pode sair, tem autonomia”, diz ele, que, por conta da dinâmica, não tem como interagir com o público no ato – nada que o Facebook não resolva: na página da ação, aí sim, o público dá seu feedback e coloca suas questões, o que tem sido (bem) frequente.

“Listening To The Sheep Sleeping” – Domingo (13), às 3h (madrugada), no Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420). Entrada franca.

O artista convidou o escultor e designer Glauco Longhi (radicado em Los Angeles) para a criação de uma máscara realista que reproduz a cabeça do carneiro. A peça foi confeccionada em silicone e pelagem sintética