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Quando um grupo de intelectuais mineiros resolveu lançar a “Revista de Cinema”, em 1954, o cinema ainda era considerado uma arte “menor”, em relação à pintura e ao teatro. A publicação foi pioneira no Brasil no fomento da reflexão cinematográfica e, para as gerações futuras, tornou-se uma espécie de livro sagrado, embora pouco acessível.
É para tirar a revista desse pedestal de mito que o pesquisador e professor Rafael Ciccarini e o crítico Marcelo Miranda lançam nesta quarta-feira (14) uma reunião de seus principais textos. Intitulada “Antologia Revista de Cinema (1954-1957/1961-1964), a publicação está dividida em dois volumes – um dedicado a ensaios e outro a críticas de filmes.
“O mais importante nesse trabalho é o resgate histórico, disponibilizando um conteúdo que foi referência nacional e cujo acesso não era qualificado, restrito a edições soltas”, registra Ciccarini.
Mergulho vertical
Com a junção de cerca de 80% do material publicado, o pesquisador acredita que um dos principais ingredientes da Revista de Cinema será reforçado: o diálogo interno entre os textos. “Um tema como a censura podia começar numa edição e continuar nas seguintes. Esse foi o principal legado da revista, promovendo um mergulho vertical no pensamento crítico”, salienta.
Miranda destaca que a revista já colocava em xeque, na época, o limitado papel dos jornais no debate dessa arte, o que, segundo ele, acirrou-se nas últimas décadas.
“Hoje, com a multiplicidade de plataformas, a dificuldade é ainda maior, reduzindo os textos a aspectos comezinhos, dominando a fofoquinha”, lamenta.
Lançamento “Antologia Revista de Cinema” – Nesta quarta-feira (14), das 18 às 21h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi).