(Ana Beatriz Elorza e Thiego Montiel/Divulgação)
Nando Reis nunca escondeu do público, mesmo sob a barba ruiva, a preferência por um mundo pop. Até nas canções dos tempos de “Titãs” é possível perceber que ele era, de longe, o menos punk e mais afeito a românticas interações entre os da trupe. E eram nove, um número nada inexpressivo para uma banda de rock. O novo álbum do cantor, intitulado “Sei”, nome de uma das canções inéditas e mote da apresentação em 23 deste mês no Chevrolet Hall, terá o acompanhamento do grupo Os Infernais, e desfilará a ânsia amorosa que pauta o trabalho composto por 15 faixas, número fora do comum para os atuais padrões da indústria. “Entendo o amor como o principal motor da humanidade, no sentido de me perceber inserido e envolvido numa sociedade onde não existo sem o outro”, afiança Nando. Via Web A incursão no universo da independência (o disco foi lançado via internet, no site oficial, por meio de um processo de interação entre o artista e ouvintes, responsáveis por decidirem quanto valeria o produto), não provoca grandes transformações. “Na essência, não muda nada em termos de conteúdo, pois sempre fiz o que quis. A diferença reside no lançamento, na forma, algo que jamais seria possível dentro de uma gravadora”, afirma. A decisão por tomar esse caminho na carreira partiu “pela busca de um frescor”. “Ao mesmo tempo é estimulante, um recomeço”, avalia Nando Reis, que não se furta a determinar as principais diferenças entre o começo da trajetória artística, que completa 30 anos, e o agora: “No início era uma coisa muito incipiente, estava tateando, me descobrindo”. E considera ter atingido “sofisticação”, além de ter ampliado territórios. “E embora seja muito barroco, galguei degraus para alcançar a expressão sem artificialidades”, define. Cantoras Nando Reis ainda é o garoto apaixonado por música que usa jeans e camiseta, “como no começo do Titãs”. E depõe sobre as principais influências nesse caminho: “Em termos de cantoras, posso dizer que a Marisa Monte (que faz dueto com ele na faixa “Pra quem não vem”) foi quem me estruturou, a primeira a difundir minhas canções”. Já Cássia Eller ( homenageada no álbum’) teria catapultado-o, como um trampolim. “Aprimorei ideias de sonoridade ao produzi-la”. Estendendo os afagos, o autor de hits como “Relicário” e “Resposta” (com Samuel Rosa), considera-as “donas de vozes incomparáveis!”. Gilberto Gil Outro nome lembrado no disco, para o qual contribuiu com texto de caráter elogioso, é Gilberto Gil (referendado em “Back in Vânia”, explicitamente influenciada por “Back in Bahia”, do baiano tropicalista). “Ao lado do Caetano, é o artista mais decisivo e determinante no meu entender musical”. Além de comparar a relação de Nando Reis com São Paulo à dos baianos Raul Seixas, Tom Zé e Marcelo Nova, Gil cunhou, no documentário “Doces Bárbaros”, frase com a qual o entrevistado diz identificar-se. E assinar embaixo: “Ser pop é querer gostar de tudo. Mais uma genial sacada!”, conclui Nando.