Após três anos, gambiólogos voltam à cena com trabalhos pra lá de instigantes

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
10/06/2014 às 08:14.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:56
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Em um salto cronológico de três anos, muita coisa mudou. E o resultado pode ser conferido a partir desta terça-feira (10), no Oi Futuro, quando cerca de 30 artistas de diversas partes do Brasil e do mundo apresentam suas “gambiarras” na exposição “Gambiólogo 2.0 – A Gambiarra nos Tempos do Digital”, “anfitrionada” pelo Coletivo Gambiologia – a saber, Fred Paulino, Ganso e Lucas Mafra.

Formado em Ciências da Computação e pós-graduado em Arte Contemporânea pela UEMG, Fred Paulino, 36 anos, destrincha um pouco do que mudou em relação à primeira exposição dos gambiólogos, realizada em 2010, no Espaço CentoeQuatro.

“Houve, claro, um amadurecimento da proposta. Na primeira mostra, era muito literal a ideia de mostrar trabalhos que lidavam com arte e tecnologia. A gente continua com esse mote, mas a relação se tornou, digamos assim, mais sofisticada, passa por questões mais profundas”, diz ele.

Quais seriam? “Basicamente três. A primeira, como os artistas lidam com a tecnologia e como transformam objetos em outras coisas. E tem a questão da acumulação, de como lidar com o excesso de resíduos que a gente gera hoje em dia”, diz Fred. A terceira, a relação com a cultura popular, com artistas que não são reconhecidos na dita esfera do tradicional.

A gambiologia, cumpre ressaltar, é um neologismo que pode ser traduzido como “ciência da gambiarra”. A ideia é reconhecer essa habilidade de improvisação que surgiria espontaneamente do cidadão comum, “como um diferencial criativo e, por que não, estético”. A Gambiologia seria, dessa forma, o uso intencional dessas ditas “soluções precárias” em obras de arte e design, “agregando, de forma natural, questões contemporâneas”. Caso do reaproveitamento, sustentabilidade, “faça-você-mesmo”... E questionando o próprio uso da tecnologia.

Diretrizes que criaram forte empatia com o público. “Talvez pelo fato de o brasileiro estar lidando com a gambiarra o tempo todo. Todos têm acesso (à gambiarra) em casa, o que ajudou a aproximar a Gambiologia das pessoas, o público se reconhece nas obras, o que é um diferencial. O universo das artes plásticas, de um modo geral, exige um tipo de instrução prévia do público, o que, aqui, não é o caso”.

Este ano, a exposição tem chamarizes de quilate: obras de Farnese de Andrade e Arthur Bispo do Rosário, inspirações desde sempre para os gambiólogos. Não bastasse, um work-in-progress do coletivo.

Gambiólogos – Desta terça-feira (10) a 17/8, no Oi Futuro (av. Afonso Pena, 4.001). Terça a sábado, 11 às 21h, domingos, 11às 19h.
 

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