(Randolpho Lamonier/Divulgação)
Alinhados por vezes em temas como memória e cotidiano, mas sem uma amarra conceitual, a 3ª edição do programa ARTEMINAS, que tem sua abertura amanhã no Palácio das Artes, é uma chance de conhecer, em exposições individuais, parte da obra de quatro notáveis artistas visuais mineiros: Pedro Moraleida, Marta Neves, Randolpho Lamonier e Desali.
Batizada de “Vigília” (título também de uma das instalações presentes), a exposição de Lamonier evidencia a conjuntura sócio-política atual e a resistência – temas marcantes em seu trabalho. “O contexto que vivemos exige um estado de alerta muito grande. Acho que essas obras trazem diversas experiências dessa situação, que às vezes se dão no embate com a opressão, nas festas de rua, na ocupação urbana. A vigília é uma constante tentativa de estabelecer diálogo”, explica.
Apresentando sua trajetória, Lamonier também coloca em cena seu deslocamento pessoal, de Contagem, onde viveu até os 23 anos, até o centro de Belo Horizonte, onde reside atualmente. “Vou trazendo figuras que falam através dos meus trabalhos, temas que atravessam essas rotas”, diz o artista. “Questões como a luta por moradia nos espaços periféricos, a relação tensa entre áreas residenciais e grandes parques industriais”, enumera.
É também fora de Belo Horizonte que surge a inspiração para “Vulgo. Lembra-se da Grande Mesa na Sala de Jantar”, assinada por Desali. “Meu trabalho traz justamente minha origem na área periférica de Contagem”, localiza o artista. “Nos recortes que faço, trago memórias do meu bairro, dos meus amigos, da arquitetura que me acompanhou durante toda minha infância e adolescência”, conta.
Já Marta Neves, referência mineira nas artes visuais desde os anos 80, mergulha no cotidiano e traz um apanhado de suas produções na exposição “Marta Neves – À Boca Pequena, Naturalmente”. “São trabalhos de diversas fontes e técnicas. Tem bordados, esculturas, fotografias”, adianta. “Muitas coisas são narrativas do cotidiano, narrativas das pessoas e andanças pela cidade”, explica. Na produção, ela não dispensa o uso do humor, inclusive reapropriando "o que as pessoas chamam de mau gosto”. “É um jeito de lidar com a vida, uma forma de entendê-la e tirar forçar para continuar nela”, aponta.
Pedro Moraleida, precocemente falecido em 1999, tem sua marcante obra representada na mostra com “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina”, que tem curadoria de Augusto Nunes-Filho.
Serviço: ARTEMINAS no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 –Centro), de sexta-feira até 19 de novembro.