'As Boas Maneiras' faz incursão social pelo gênero horror

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
06/06/2018 às 17:31.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:27
 (VITRINE/DIVULGAÇÃO)

(VITRINE/DIVULGAÇÃO)

O cinema de horror se consolidou no mundo em diversas vertentes, servindo como uma metáfora da sociedade atual – no Brasil, tem em Zé do Caixão e Ivan Cardoso dois de seus mestres. É nesta seara por onde transitam Juliana Rojas e Marco Dutra, diretores de “As Boas Maneiras”, uma das estreias de hoje.

As referências do filme são muitas, desde histórias clássicas como as de Lobisomem e Frankenstein até filmes como “O Mensageiro do Diabo” (1955), “O Bebê de Rosemary” (1968) e “Alien” (1979). 

Como em “Trabalhar Cansa” (2011), primeiro longa da dupla, o aspecto social é a força motriz para a investida em elementos sobrenaturais. Temos uma mulher negra, pobre e lésbica que vai trabalhar como doméstica no apartamento de uma jovem grávida vinda de família abastada do interior paulista.

Ambas estão sozinhas, mas conscientes de suas escolhas. Clara, apesar de sua situação social, perde empregos por não se sujeitar. Ana, por sua vez, foi expulsa de casa ao comunicar que está grávida de um desconhecido e acabar o noivado, só podendo retornar se fizer um aborto. 

Clara só tem o trabalho. Ana, o status. Condições frágeis que caracterizam um Brasil preconceituoso, fortemente atrelado a valores morais e ao patriarcado. Carentes de atenção, elas se aproximam no momento em que a menina rica passa a ter um comportamento estranho.

Curiosamente, os homens pouco aparecem, mas têm a sua força evidenciada, por meio do pai de Ana e do namorado dela. Nos dois casos, uma marca é deixada. Resta a Clara enfrentar um tipo de pensamento arraigado nas pequenas coisas. 

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