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BRASÍLIA – Embora já tenha feito, como os outros integrantes do grupo teatral Galpão, participações em vários filmes, para Antonio Edson a sua presença no elenco de “A Família Dionti” - exibido na noite de quarta-feira, no primeiro dia de competição do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro – é como se tivesse dando o pontapé na carreira em cinema.
Com 60 anos completados em junho, o ator nascido em Leandro Ferreira, na região Oeste de Minas Gerais, encontrou, além de seu primeiro papel como protagonista, um personagem “mais confortável”. E a prova disso aconteceu após a exibição, no Cine Brasília. “Foi a primeira vez que consegui me ver”, revela o ator em entrevista ao Hoje em Dia.
Explica que se sentiu mais confiante num terreno que ainda lhe gera tensões, principalmente quando está prestes a entrar no set. “Alcancei uma certa tranquilidade, que vem muito da condução do diretor. O Alan Minas é um doce de pessoa. Falava de forma calma, sem gritar, o que acaba lhe dando mais confiança”, salienta Antonio.
Apesar do sobrenome Minas, Alan é carioca, mas escolheu cenário e elenco mineiros para fazer o filme, um infanto-juvenil de cunho fantástico, em que um pai e dois filhos esperam o retorno da mulher/mãe, após ela ter literalmente se derretido por amor. O ator do Galpão interpreta o pai receoso de que o dom da sua esposa também esteja num dos garotos.
Nesse trânsito entre o teatro e o cinema, durante as filmagens ocorridas na região de Cataguases, há dois anos, Antonio diz ter se policiado muito, atento para não repetir o gesto grande e a expressão facial muito carregada. O cinema, observa, é uma forma de também retroalimentar o Galpão. “Não há outra saída. Do contrário, vira uma espécie de prisão”.
Para ele, é difícil imaginar “a cara” do futuro do Galpão. Sabe que o grupo precisa se renovar, mas prefere deixar “a arte de pôr o trem nos trilhos” para o acaso, bastando, como ele mesmo diz, o sopro do vento ou um empurrão. Antonio Edson nunca foi de fazer planos, virando ator não por vaidade ou ideologia. “Nunca esperei por resultados, por fazer grandes papéis”, confessa.
Lembra que as coisas foram acontecendo até que, após participar de um curso com o Teatro Livre de Munique, em 1982, ele se viu como um dos fundadores do grupo teatral. “As coisas foram acontecendo e, com o Galpão, num crescendo que aponta para uma trajetória vitoriosa”, destaca o ator, que já está às voltas com um novo trabalho, a ser dirigido por Márcio Abreu.
Há poucos dias participou das filmagens, em Diamantina, de uma versão moderna da história de Tiradentes, dirigida pelo pernambucano Marcelo Gomes. “Não é uma obra histórica. O diretor nos deixou bem claro que, apesar de o inconfidente ser o objeto, não é a história dele que retrataríamos, mas sim o caldo cultural da época”.
*O repórter viajou a convite da organização do Festival de Brasília