Ator mineiro se destaca na cena babilônica de São Paulo

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
16/06/2013 às 13:48.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:10

A cidade de São Paulo sempre pareceu muito atraente a Ederson Miranda, desde quando ele ia à “terra da garoa” na companhia de seus colegas da Belas Artes (da UFMG) assistir a espetáculos por lá. Foi assim que conferiu, por exemplo, trabalhos de nomes como Zé Celso Martinez Corrêa (do Teatro Oficina), do grupo Teatro da Vertigem e de Antunes Filho, recorda o ator mineiro, 28 anos, que, agora, está estabelecido na megalópole – mudou de estado há 15 meses.    Estabelecido, em cena e envolvido em vários projetos, vale frisar. E nas três esferas – teatro, cinema e televisão.   Comecemos pelo “em cena”. Sob a direção do gaúcho Gilberto Gawronski, desde março Miranda atua em “Ana Não Está”, em cartaz no palco Teatro do Sesi, na avenida Paulista, a artéria que recentemente entrou mais uma vez para as manchetes de todos os jornais do país por conta das manifestações contra o aumento nas tarifas dos ônibus. O espetáculo está em cartaz de quinta a domingo, até o próximo dia 30.    O enredo do ator Murilo de Paula fixa um casal em desespero pelo desaparecimento da filha única, de 14 anos. Não se sabe o porquê do sumiço, mas a (grande) cidade está um caos, os helicópteros sobrevoam o trânsito impossível. Metáforas de babilônia que a peça pretende fixar.   Surreal   “É um texto mais realista nos primeiros momentos, mas se torna um tanto surreal, expressionista, à medida que avança, quando o casal acusa um ao outro pelos fatos”, situa Ederson, que faz o marido no elenco que inclui outros três atores, Eliot Tosta, Raiani Teichmann e Lívia Piccolo.   A montagem é o desdobramento do Núcleo de Dramaturgia Sesi-British Council, ministrado pela diretora Maria Thaís ao longo de 2012.    Ao fim das contas, foi esse o curso que motivou Ederson a trocar de endereço. Bancada pelo Sesi/Fiesp, a produção agora busca recursos de lei para circular pelo interior paulista ainda este ano.   Bilheteria   Enquanto não pôde contar com o retorno financeiro de “Ana Não Está” (para isso, ele teve que superar 600 atores inscritos e ficar entre os quatro escolhidos por Gawronski, após uma oficina de voz para 16 selecionados), Ederson viveu do cachê obtido pela temporada de mês e meio de “Deuses”, seu espetáculo solo, no Sesc Consolação.    E também da “boa grana” recebida por um comercial de cerveja. “A concorrência aqui é enorme, mas pagam muito bem”, diz ele frisando viver de teatro desde que estreou sua primeira obra autoral quatro anos atrás.    “É inacreditável que ‘Deuses’ tenha me mantido tanto tempo. Não é fácil viver de bilheteria e até hoje não tive um centavo das leis (de incentivo à cultura) com ele”, comemora Ederson. Além das temporadas que cumpriu em Belo Horizonte, “Deuses” participou de festivais em Brasília e Diamantina, e viajou a cidades da Itália e da Grécia.   Para quem deixou Minas Gerais (e a Cia Asterisco) por se sentir desenvolvendo menos do que gostaria, pela carência de cursos e oficinas, por ver se esgotarem as chances de sobreviver apenas atuando (tanto que deu aulas de atuação em cinco escolas públicas daqui, durante um ano), Sampa parece o lugar certo para trabalhar, para se aprofundar.   Muitos projetos   Quanto aos projetos, no cinema Miranda atuou em dois curtas-metragens dirigidos por Daniel Lobo e Daniela Girau.    Na televisão, além do já citado comercial de cerveja, atua num dos 13 episódios da série “Negócio”, que o canal de TV paga GNT deve exibir em agosto.    No teatro, Ederson se empenha nas oficinas ministradas por Eve Doe Bruce, do Théâtre du Soleil (de máscaras balinesas) e Pedro Paulo Bogosian (canto e interpretação musical) e estuda a tragédia “Filoctetes”, de Sófocles, para seu próximo monólogo.   De quem aposta em todo seu talento como ator, Ederson Miranda tem convites para atuar em “Coelina”, como “o primeiro melodrama francês”, sob a direção de Fernando Neves, membro do grupo Os Fofos Encenam; num projeto sobre comportamento na sociedade de jovens nascidos na década de 80, inspirado no livro “Pare de Choramingar”, da autora alemã Meredith Haaf.    Teria a condução de Maurício Perussi, um diretor formado na USP. Ainda pode estar no elenco de “Uma Hóstia Para Satã”, texto de Wester de Castro, seu colega na Asterisco, que submeteu o projeto de montagem ao Fundo Municipal.    De todos os projetos possíveis, esse é único que pode “prendê-lo” em Belo Horizonte, em 2014. 

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