O futuro dos projetos da Fundação Clóvis Salgado, mantenedora do Palácio das Artes, só será definido nos próximos 90 dias. É o prazo dado pela direção da instituição para apresentar ao governo do Estado um diagnóstico sobre custos e receita.
A informação foi repassada ontem pelo presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho, após a extinção do Ballet Jovem e da Big Band, corpos artísticos do Palácio das Artes. A alegação foi a de que ambos não tiveram os recursos garantidos, via lei de incentivo, pela gestão anterior.
“Não temos hoje recursos para manter cursos profissionalizantes como o Ballet Jovem e a Big Band. Por isso, eles serão extintos. Estamos fazendo um levantamento para a Secretaria (de Estado) de Cultura apontando quais são os custos (dos projetos)”, disse Nunes-Filho.
Segundo ele, a Big Band e o Grupo de Choro, também extinto, já estavam inativos há algum tempo – mais de um ano e quase seis meses, respectivamente. “Optei por, quando acabasse o recurso, dizer para eles a situação concreta”.
Além disso, Nunes-Filho garante que a fundação está sendo reformatada, inclusive refazendo contato com os patrocinadores – especialmente porque o presidente quer que a Clóvis Salgado não seja dependente de leis de incentivo.
“O Palácio das Artes vai ter cara nova, porque ele vai privilegiar a visão pública”, diz o presidente, acrescentando que uma das intenções da nova direção será a de reforçar no Centro de Formação Artística (Cefar) a função de extensão e de pesquisa.
Manifestação
Bailarinos do Ballet Jovem e integrantes da Big Band promoveram ato de protesto em frente ao Palácio das Artes. Para a bailarina Rejane Delfino, no balé há cinco anos, trata-se de descaso com a cultura.
“Estamos aqui em prol da continuidade do Ballet Jovem. É nossa casa, nosso espaço. Quem perde é a cultura e a sociedade mineira”, afirma.
Além de uma diretora e uma assistente, o Ballet Jovem era formado por 30 bailarinos, sendo que apenas 16 bolsistas recebiam ajuda de custo de R$ 870 mensais.
Já Thiago Nunnes, coordenador da Big Band, resumiu a indignação. “Propusemos alternativas, mas só recebemos más notícias”, critica. O orçamento da banda, segundo ele, era de R$ 30 mil mensais.
Procuradas pela reportagem, até o fechamento desta edição, a ex-secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, e a ex-presidente da Fundação Clóvis Salgado, Fernanda Machado, não retornaram às ligações para comentar a situação em anos anteriores.