Bandas voltam a lançar as queridinhas k–7, em edições especiais

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
19/03/2015 às 08:01.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:24
 (Reprodução/Google)

(Reprodução/Google)

Numa época na qual fazer downloads soaria como algo impensável, não era restrito o contingente que se utilizava de uma fita cassete para registrar a sua música preferida. Muitos chegavam a ficar a postos para gravar a canção executada nas rádios – mesmo que, por vezes, os primeiros segundos fossem perdidos. E se a ideia era gravar o próprio som, nada de computadores ultra-modernos: era a K–7 que salvava as bandas em demos improvisadas.

Em tempos de revival, o pequeno retângulo de plástico, acredite, vem readquirindo status. E bandas de todo o mundo vêm apostando suas fichas nesta tendência. Em homenagem a esta “senhora” de 52 anos, o grupo de rock Metallica, por exemplo, lança, no dia 18 de abril, sua primeira fita demo.

A edição, claro, será limitadíssima e mantém as mixagens originais de “No Life ‘Til Leather”, de 1982, com as faixas: “Hit The Lights”, “The Mechanix”, “Motorbreath”, “Seek & Destroy”, “Metal Militia”, “Jump In The Fire” e “Phantom Lord”. O trabalho, que nunca esteve disponível comercialmente, reúne os integrantes da primeira formação da banda: o vocalista James Hetfield, Lars Ulrich na bateria, Ron McGovney no baixo e o guitarrista Dave Mustaine. A obra vai ainda contar com a caligrafia do baterista e será vendida no metallica.com. O valor não foi divulgado, mas é bom preparar o bolso.

Não bastasse, a nova onda K–7 chegou também às trilhas de cinema. No início do mês, a fita cassete do longa-metragem “Guardiões da Galáxia”, batizada “Awesome Mix Vol. 1”, faturou disco de platina nos Estados Unidos. As fitas foram vendidas a U$ 55 – e, atualmente, estão esgotadas.

No Brasil, a fita cassete tem selos e músicos da cena indie como aliados

Se havia dúvidas de que a fita K–7 não era um bom negócio, alguns selos brasileiros têm provado exatamente o contrário ao investir nesse “velho amigo formato”. Entre eles, o mineiro Pug Records (criado em 2010) e o curitibano Terry Crew, fundado há pouco mais de um ano. Juntos, os dois já resgataram a plataforma vintage ao lançar bandas como a Subburbia, Wack, Coloração Desbotada, Top Surprise, Duplodeck, Ciro Madd e Filipe Alvim.

“No entanto, para fazer a cassete, a proposta da banda precisa dialogar com a estética do formato. A própria escolha do K–7 é também uma aposta que se espelha com os ideais do selo, que preza por essa ‘sujeira’ da fita”, explica Eduardo Vasconcelos, nome à frente da gravadora mineira que, ao longo de cinco anos, lançou sete cassetes de bandas. Em 2015, Filipe Alvim é o músico que aposta na mídia pela Pug.

Dentro do circuito independente nacional, os gaúchos do grupo Apanhador Só saíram na frente quando, em 2011, imbuídos da ideia de repaginar formatos de mídia, lançaram o segundo álbum da banda, o “Acústico-sucateiro”, em cassete.

O uso de “objetos incomuns”, vale destacar, é uma das marcas da banda. André Zinelli, que à época assumia a bateria da banda, recorda que trazer para a contemporaneidade a fita K-7 se afinava com o trabalho. “É uma mídia sucateada, que não estava mais em uso, e tinha tudo a ver com o lançamento do acústico”, recorda o moço de 28 anos. A californiana Burger Records, por seu turno, celebra oito anos em 2015 – e com números promissores. Pioneira na volta do formato, já vendeu – acredite – mais de 350 mil fitas.
 

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