Belo Horizonte é celebrada em 15 canções que abordam pontos turísticos e afetivos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
04/09/2021 às 12:37.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:49
 (PEDRO VALE/DIVULGAÇÃO)

(PEDRO VALE/DIVULGAÇÃO)

Renato Muringa não imaginava que havia tantas canções que enaltecem Belo Horizonte. “Foi uma descoberta. Estava fazendo uma pesquisa e percebi que muita gente tinha homenageado a cidade”, destaca o músico e compositor, que enxergou a possibilidade de fazer um show online calcado em pontos turísticos e afetivos cantados por várias gerações e linhagens de artistas.

“Belo Caso de Amor: Um Passeio Musical por Beagá” será transmitido neste sábado, às 16h, no canal do Balaio no YouTube e também em sua página no Instagram. “Priorizei músicas mais alegres e festivas, focando mais nas partes legais que Belo Horizonte pode mostrar”, registra Muringa, um incansável divulgador do choro e do Clube da Esquina – ele é um dos idealizadores do Bloco da Esquina.

Em grande evidência nos dias de hoje, o Carnaval da capital já era reverenciado muitos anos antes, especialmente na música de Rômulo Paes e Gervásio Horta. “Há uma visão de que (a festa momesca) é coisa nova, mas ela esteve presente em vários momentos”, salienta. Autor de mais de 150 marchinhas, Paes celebrou a Rua da Bahia, a quem dedicou uma música lançada na folia de 1952.

Outro logradouro que se eternizou como música é a Rua Ramalhete, que batiza a canção de Tavito e Azambuja. Localizada no bairro Serra, a rua de poucas casas, virou um clássico do Clube da Esquina, é lembrada de forma nostálgica, palco do “amor anotado em bilhetes”. Residência de Tavito por muitos anos, não é o único endereço do movimento musical mineiro.

Da esquina entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis, no Santa Tereza, saíram músicas inesquecíveis assinadas por nomes como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Fernando Brant. Mas quando Borges cantarola o verso “Da janela lateral do quarto de dormir / vejo uma igreja, um sinal de glória”, em “Paisagem da Janela”, ele está no Funcionários, visualizando a Igreja de Lourdes.

Gonzaguinha, filho do rei do baião Luiz Gonzaga, também se rendeu às singulares belezas da cidade. Tendo morado em BH nos últimos 12 anos de sua vida, ele compôs um de seus grandes sucessos, “Um Lindo Lago do Amor”, inspirado pelas águas da Lagoa da Pampulha, embora a homenagem não esteja explicitada na letra, integrante do álbum “Grávido”, lançado em 1984.

Outros cenários são o Mineirão (em “Galo e Cruzeiro”, de Vander Lee), a Praça da Liberdade e a Serra do Curral (em “Belo Horizonte”, de Flavio Venturini e Murilo Antunes) e Praça da Estação ("Quadrilha", de Muringa). Ao todo, serão apresentadas 15 canções na live, que terá ainda depoimentos dos compositores Márcio Borges e Paulinho Pedra Azul, da percussionista Analu Braga e do trombonista Marcos Flávio.

A seleção deixou de fora, por exemplo, obras de Noel Rosa, um dos maiores nomes do samba. Na época que passou pela capital mineira, em 1935, para se tratar de tuberculose, ele escreveu a letra de “Belo Horizonte”, que fala de um lugar de cachaça, cigarros e de uma relação sexual. “Belo Horizonte / Atrás do monte / Rosinha deu para o Leitão / Arrependida se pôs a chorar / Jurando que nunca mais ia dar”, versa numa das estrofes.

“Não coloquei a música no show por causa deste contexto da época, bastante machista”, explica Muringa. Já as canções que abordam a região boêmia da Lagoinha não entraram porque falam de um lugar que se “perdeu”, com a transformação urbana da cidade. Para quem espera um álbum a partir do material selecionado, o artista revela que não está nos planos, “devido a diversos fatores, principalmente a questão dos direitos autorais”.

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