BH tem versões da tradicional celebração mexicana de Finados

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/10/2016 às 16:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:24
 (FDLM/Divulgação)

(FDLM/Divulgação)

Diferentemente do que ocorre no Brasil, em terras mexicanas os mortos são celebrados com cortejo alegre e casas enfeitadas com flores e velas. Por lá, os festejos duram quatro dias – período em que, segundo a tradição, os mortos têm permissão Divina para visitar os vivos. É uma grande festa que vem caindo no gosto dos mineiros. Em BH, não faltarão lugares para pintar o rosto de caveira e entender essa cultura, como a Serraria Souza Pinto, palco do Festival Dia de los Muertos, domingo. 

“Ficamos encantados com a forma como veem a morte”, observa Alcione Lara, do grupo Arte de Viver com Propósito, um dos idealizadores do festival. 
Para o grupo, que usa o xamanismo e busca o autoconhecimento através do silêncio e da meditação, a morte está relacionada com uma nova forma de ver a vida. “No México, eles entendem que a festa é uma forma de convidar os espíritos que se foram para conviver com a família durante quatro dias”, registra Alcione.

No festival mineiro, esses aspectos serão abordados por meio peças de teatro, exposição e música. A comida típica estará presente, além de concurso de fantasia e brincadeiras para as crianças. Maria Lara Moreira, também do grupo, comandará a oficina Mini Mundo, dirigida à nossa “criança interior”.
“O mundo dos mortos é o das possibilidades, tendo na morte uma consciência de vida”, explica. 

O grupo Kokopelli, uma das crias do Arte de Viver com Propósito, se apresentará com o espetáculo “Fio da Vida”, em formato de teatro musical – ou um “musical teatralizado”, como define a vocalista Patrícia Chow. “Embora tenham um ar mexicano, inspiradas nas tradições do antigo México, as canções estão relacionadas ao autoconhecimento para a transformação do ser”, registra Patrícia, que estará ao lado de Yuri Gomes (violão e cítara indiana), Matheus Rocha (teclados, sopros), Rafael Salgueiro (violão e baixo elétrico) e Gustavo Tonatiuh (flauta indígena).Divulgação / FDLM

Na Major Lock

Além do tema dedicado ao Dia dos Mortos mexicano, as casas noturnas Los Mariachis e Major Lock têm em comum a mesma atração: a DJ Black Josie, especialista nos vários ritmos da música latina, como reggaeton, bachata, salsa choque, salsa, cumbia, mambo e merengue. "A música tradicional mexicana, chamada rancheira, tem muito sopro de metal como base. Algumas músicas só têm voz e sopro. Ela só não é dançante. Não dá para colocá-la na pista, no ápice da festa”, registra a DJ, que promove a “Fiesta Loca” no Los Mariachis há dois anos.

O local é inspirado na cultura mexicana e não poderia ficar de fora de uma das maiores festas do país da América do Norte. 
“Triste para nós, o Dia dos Mortos tem outro sentido, como um grande ritual festivo. As caveiras são divertidas e são temas de doces de açúcar”, completa a DJ.

Para quem quiser honrar a vida dos antepassados e relembrar os grandes feitos e momentos de felicidade deles à moda mexicana, além da maratona de mais de oito horas de atividades interativas no Festival da Serraria Souza Pinto, no domingo, há opções na capital. Confira e divirta-se!

 (2º lote). Grátis para crianças de até 7 anos. festivaldiadelosmuertos.com.br

Fiesta Loca - Com DJ Black Josie e DJ Tilulu. Hoje, a partir das 21h, no Los Mariachis (Rua Rio Verde, 253 – Sion). Ingressos no Sympla, R$ 25 (masculino) e R$ 15 (feminino), mais taxas.

The Django de los Muertos - Com Pathy Dejesus, Velotrol e Eddy. Hoje, a partir de 21h, no Land Spirit (Rodovia BR 356, 7575, KM 7.5, Olhos D’Água). Ingressos podem ser adquiridos no Sympla, R$ 50 (masculino) e R$ 30 (feminino), mais taxas.

Dia de los Muertos - Com Black Josie, DJ Veneza. Terça, a partir de 22h, na Major Lock (Rua Major Lopes, 729, São Pedro). Ingressos: R$ 30 (com nome na lista, até 23h. Após esse horário, preço sob consulta).

A origem do Dia dos Mortos

A origem da festividade do Dia dos Mortos no México é indígena, relacionada aos rituais que civilizações com mais de três mil anos realizavam para celebrar a vida de seus ancestrais, como astecas, maias, purépechas, náuatles e totonacas. Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus, exibindo-os durante os rituais que viam na morte uma forma de renascimento.

Curiosamente, a festa acontece na mesma época do Dia de Finados, de tradição católica, mas dura mais tempo, começando em 30 de outubro e terminando em 2 de novembro. Segundo a tradição, nesses quatro dias de festa os mortos têm permissão Divina para fazer visitas aos companheiros de vida, como familiares e amigos. Por isso as casas são enfeitadas com flores e velas.

Na festa, tudo é preparado para agradar aos parentes do além, oferecendo-lhes bolos, doces e músicas. É uma forma de dizer o quanto aquela pessoa ainda faz parte das suas lembranças. Tudo é muito colorido, como as roupas relativas à morte, em especial as com esqueletos pintados. As caveiras são estilizadas, bastante decoradas, principalmente com desenhos de flores.

Em 2003, a celebração mexicana foi reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Conheça o grupo Kokpelli:

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