Em seu novo livro “Bichos do Lixo”, Ferreira Gullar vale-se de uma tesoura, papéis coloridos de correspondência e do acaso para criar animais, situações e sentimentos. Assim, o poeta, crítico e ensaísta de 82 anos chama o leitor para a brincadeira. As portas do zoológico da imaginação estão abertas.
“Jogo sobre um papel e de repente, percebo que aquilo forma a cabeça de um bicho. Ajeito para ajudar o acaso. Deu nisso. É uma brincadeira. É uma coisa que eu faço e me divirto”, explica ao Hoje em Dia sobre o livro que chega pela Editora Casa da Palavra.
O autor fez palestra na última quinta-feira na 4ª Semana da Letras, organizado pelo Diretório Acadêmico Carlos Drummond de Andrade, na UFMG. O evento terminou na sexta-feira (17).
Gullar sustentável
O maranhense radicado no Rio não gasta tempo indo a papelarias para pegar a matéria prima de sua brincadeira mais que séria. Gullar conta que recebe uma quantidade enorme de correspondência em casa.
“Recebo envelopes de galerias que são coloridos. E essas coisas… E em vez de eu jogar no lixo, vou recortando aleatoriamente e guardando em ‘pastazinhas’”, ensina.
Recorte premiado
“Bichos do Lixo” completa a trilogia do recorte-e-cole formada por “Zoologia Bizarra” (2010; eleito pela Academia Brasileira de Letras a melhor obra infanto-juvenil do ano) e “Bananas Podres” (2011; vencedor do Jabuti em 2012, na categoria Ilustração).
“‘Bananas Podres’ também é colagem, mas nasceu de uma maneira diferente. Era aquela coisa de limpar o pincel no jornal e perceber que aquilo tinha uma cor semelhante a das bananas quando apodrecem”, diz.
No livro, ele associa poemas dos anos 1970 às ilustrações de mesmo tema. “Esse outro aqui é semelhante ao primeiro”, esclarece.
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