A primeira princesa da Disney completa 80 anos no final de 2017. Sinônimo de pureza e beleza durante décadas, Branca de Neve se tornou “velha” e tão vilã quanto sua madrasta, representante de uma mulher submissa ao marido (o Príncipe Encantado) e responsável pelo lar.
O oposto disso está em Merida e Moana, princesas que acompanharam a evolução da própria mulher dentro da sociedade. “Elas conseguiram se libertar daquele ideal comportamental do início, em que deveriam ficar em casa, à espera do amor da vida delas”, analisa Débora Mini, que acabou de se formar em Cinema de Animação, na UFMG, com uma monografia sobre o protagonismo feminino nas animações da Disney, que, além das Vossas Altezas, abordou as protagonistas de “Alice no País das Maravilhas” (1951) e de “Lilo & Stitch” (2002).
Sobre a octogenária personagem, a animadora vê o espelho do pensamento de uma época. “Elas foram mudando à medida que o papel da mulher da sociedade evoluía, passando a ter mais voz. É natural que as espectadores quisessem consumir algo que refletisse à própria história”.
Culto à beleza
Débora chama a atenção para o fato de os primeiros príncipes não terem nem mesmo nome. “Já eram por si só uma representativo de nobreza. Jamais uma princesa poderia ser beijada por um funcionário do castelo. Tinha que ser alguém do mesmo status social”, salienta.
O culto à beleza também era uma características dessas animações (“Um dos anões observa que, por ser tão bonita, Branca foi posta num caixão de vidro, pois ninguém teve coragem de enterrá-la”, registra Débora), o que começou a mudar com a indígena Pocahontas.
As princesas passaram a ganhar mais poder, com direito a escolher seu parceiro e a trabalhar. Essa “nova mulher” está presente num diálogo de “A Bela e a Fera”, em que um pretendente machista de Bela critica o fato de ela gostar de ler. A história, por sinal, ganhará versão em carne e osso, com estreia dia 16 de março. Os ingressos já estão à venda.