Brasilidade no bandolim de Hamilton de Holanda

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
03/04/2015 às 11:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:29
 (Marcos Portinari/Divulgação)

(Marcos Portinari/Divulgação)

Para onde Hamilton de Holanda fosse ou com quem tocasse, todo mundo dizia que havia muita brasilidade em seu tocar. Há algum tempo ele decidiu, então, assumir essa característica de maneira mais racional: todos os projetos dele passaram a focar a música do país de uma maneira diferenciada. Isso fica ainda mais claro no novo show “Pelo Brasil”, que o artista apresenta nesta sexta e sábado, no Teatro Bradesco.   O espetáculo nasceu do desejo antigo do bandolinista de fazer um trabalho inspirado nas manifestações culturais de todo o país: do maracatu à viola caipira, passando pelo frevo, a chula e vários outros.    “Queria que fosse um show focado no bandolim solo, claro, mas que tivesse mais do que a música. Convidei o Marcos Portinari para a direção e pensamos numa interação das músicas com vídeos e um uma iluminação especial, que trabalhasse as texturas coloridas do Brasil. Há também interferência de sonoplastia e um cenário simples, que passa bem a ideia de brasilidade”, conta Hamilton de Holanda, que compôs todas as 14 músicas especialmente para esse espetáculo.    “Aqui tem bicho, planta, referências culturais. Fui misturando ideias a partir de um panorama pessoal. É um retrato do Brasil a partir da minha visão”, completa Hamilton.    Filho de pernambucanos nascido no Rio de Janeiro, o músico foi criado em Brasília, onde pôde ter contato com migrantes de diversas partes do país.    “Eu vivia com mineiro, gaúcho, nordestino, paulista. O tempo todo era chimarrão com pão de queijo e açaí. Minha música não tem como ser muito diferente dessa mistura.   Diverso   Criador da técnica polifô-nica do bandolim brasileiro de dez cordas, Hamilton é conhecido no Brasil e em muitas partes do mundo por seu virtuosismo com o instrumento que é muito apreciado nas rodas de choro, mas ainda não alcançou reconhecimento junto ao grande público.    “Ainda passo pela situação de estar no aeroporto e vir alguém me perguntar se estou carregando um cavaquinho ou um banjo”, conta Hamilton.   O artista reconhece a importância de seu trabalho para uma maior popularização do bandolim no cenário da música popular brasileira, mas reforça que o instrumento não é a finalidade de seu trabalho: o objetivo é emocionar as pessoas.    Um dos grandes méritos de Hamilton é mostrar que o bandolim provoca essa emoção desejada não só no choro, onde já é tradicionalmente usado.    “Coloco o instrumento em situações diversas e adversas, como um rock, um jazz ou um samba”. 

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