(Gláucia Rodrigues/Divulgação)
Depois desta temporada inicial na capital mineira, a próxima parada é... a Itália. Não, na verdade, trata-se de uno scherzo, uma brincadeira de Carlos Nunes, ao ser inquirido sobre o porquê de sua nova empreitada – “Francisco de Assis – do Rio ao Riso”, que estreou nesta sexta-feira (11), no Sesiminas – ter tão breve temporada (até domingo). O país não é citado aleatoriamente: foi na cidade de Assis, na Úmbria, que o texto começou a ser esboçado. Sim, Nunes foi até lá, em uma excursão da igreja, por ser fã do santo protetor dos animais – e para agradecer as dádivas já alcançadas.
“Sempre trabalhei muito, desde menino, mas me sinto, sem dúvida, muito iluminado por Deus. Muitas portas se abriram. No início da minha carreira, quando falava que ia ser ator, me diziam: ‘não vai dar em nada’. Completar 35 anos de trajetória com dignidade... ter conseguido, por exemplo, ter um carro com o dinheiro que conquistei com o meu ofício... Tudo isso me fez ir até Assis agradecer”.
E foi lá, na cripta da basílica, onde estão os restos mortais do frade, que a história veio à mente de Carlos Nunes. No entanto, de volta ao Brasil, o ator tratou de convocar o amigo Márcio Ares, poeta e cronista (além de Capitão da PM) para inserir poesia – elemento que Nunes julgava não ter competência para pincelar – ao que já estava delineado.
Vestes
Carlos Nunes assume as vestes de Francisco, atuando ao lado de André Maurício, que se desdobra em papéis como o lobo, o pai, a secretária da Esplanada dos Ministérios... Oooops! Sim, a ação desloca-se da “Bota” para terras do patropi, com direito a uma ida a Brasília, onde o santo espera ter uma audiência com o titular do Meio Ambiente. “Falo de política porque adoro (o assunto). Ele (Francisco) visita uma escola pública, por exemplo”, diz o mineiro, frisando apenas que não se trata de uma peça católica. “Mas sim sobre um homem genial”. E que, como lembra Nunes, foi um ecologista avant la lettre. “Gostaria muito de passar essa mensagem (da ecologia) em tempos em que as pessoas só economizam água no dia em que a Copasa pede”.
‘Ele não era bonito como no filme de (Franco) Zeffirelli. Era muito feio’, diz o ator mineiro
Ah, sim. Carlos Nunes faz outra importante ressalva. Sabe o Francisco do filme de Franco Zeffirelli (“Irmão Sol, Irmã Lua”, de 1972, onde era interpretado Graham Faulkner )? Esqueça, simples assim. “O filme mostra ele bonito, e ele era tão feio, mas tão feio, que, na sua biografia, diz que não tinha coragem de ir à frente do grupo pedir esmolas (para não assustar as pessoas)”.
E não, o mineiro não vê problema em inserir humor na vida de um santo. “Certamente o público vai entender, e nós fizemos uma pesquisa grande (para embasar o texto). Além disso, não poderia ser diferente, o humor me escolheu desde sempre. As pessoas olham para mim e já começam a rir, sempre foi assim. Quando fiz ‘O Pagador de Promessas’, do Dias Gomes, que é um texto sério, já era assim. Mas o humor flui naturalmente. Sou uma pessoa criada dentro da igreja. Antes de ser ator, sou cristão”, finaliza Nunes.
“Francisco de Assis – do Rio ao Riso”, com Carlos Nunes – Sábado (12), às 21h, domingo, às 19h.
Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia– Informações: 3241-7132). Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Na bilheteria do teatro que funciona das 13h às 19h