(Lucas Prates/ Hoje em Dia )
Para o pai, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu os 340 versos do longo e confidencial poema “A Mesa”, já conhecido do público. Para a mãe e demais familiares, ele escreveu ou recebeu pelo menos 116 cartas, presentes na exposição inédita “QuasePoema – Cartas e Outras Escrituras Drummondianas”, inaugurada nesta terça-feira (18) na Casa Fiat de Cultura. A mostra fica em cartaz no Circuito Cultural Praça da Liberdade até 18 de janeiro de 2015. O precioso acervo foi adquirido por R$ 21 mil, das mãos de um colecionador do Sul de Minas, para o Memorial Carlos Drummond de Andrade, em Itabira. Outra parte das cartas pertence ao Instituto Moreira Salles. A curadoria da exposição é feita pelo primo do poeta, Marconi Drummond, que presidiu a instituição na terra natal do artista, juntamente com Fabíola Moulin. O curador diz que há interesse de uma editora mineira em publicar a coleção. Algo como aconteceu com o livro “Carlos e Mário”, sobre a correspondência do mineiro com o escritor Mário de Andrade. Atencioso De acordo com os curadores, Drummond era um atencioso “remetente”. Se comunicava intensamente com amigos, intelectuais e familiares e também não deixava carta que recebia sem resposta, todas sempre escritas a próprio punho. “A chegada deste acervo, acredito que vá incentivar as pessoas a fazerem doação de outras cartas para o Memorial. Tem muita gaveta para abrir”, acredita Marconi. Para a exposição que tem entrada gratuita, tire umas boas três horas para desvendá-la em cada detalhe. Lupas foram instaladas nas mesas com as correspondências para esse encontro com a intimidade familiar de Drummond. O documento mais antigo é de 1915, uma espécie de cartão de Ano Novo para a cunhada, intitulado “Banco da Amizade”. Drummond tinha 13 anos e assina como “Carlito”. Há ainda cartas em que ele começa e a filha Maria Julieta termina, pedido de bênçãos à mãe. Tudo, com amor, do Carlos.