(Renato Weil)
Renato Weil, 44 anos, e Glória Tupinambás, 33, mineiros de Itaúna, sonhavam em conhecer o mundo. Para isso, colocaram um plano infalível em prática: toda folga que tinham, era certa uma escapulida bucólica e, geralmente, bem remota. Ainda que os hotéis não fossem dos melhores, eles garantem: as paisagens valeram cada moeda economizada.
A maior surpresa, no entanto, era perceber que a cada dobrada de esquina – e foram muitas, pois percorreram 59 países dos cinco continentes, nos últimos dez anos –, um pouco de Minas insistia em revelar-se. Não havia como desviar. A partir do instante em que o amigo e produtor cultural Dalton Miranda apontou a semelhança, os olhares atentos dele, repórter fotográfico, e dela, jornalista, não pararam mais de enxergar aspectos típicos das Gerais em culturas a princípio tão distantes.
O resultado o casal conta no livro “O Mundo em Minas”, a ser lançado nesta terça-feira (11), às 18h, durante abertura da exposição homônima, no Memorial Minas Gerais Vale. O paralelo foi possível após a dupla percorrer também aproximadamente 100 cidades do interior do Estado. Capturadas pelas lentes de Weil e descritas por Glória, cerca de 150 fotos compõem o livro.
“O mais marcante é a religião. Vimos algo muito parecido com as procissões de Sabará, por exemplo, na cidade de Luang Prabang, em Loas, sudeste da Ásia, onde monges budistas fazem ‘rondas das almas’, arrecadando donativos para sobreviverem. É um ritual carregado de religiosidade e fé”, destaca Glória.
Dentre as maiores descobertas, a jornalista indica Myanmar, outra nação da Ásia. “O país ficou fechado por muitos anos pela ditadura militar e, agora, está se abrindo para o turismo. Então, a cultura está muito preservada, pura. Lá, não tem meios de transportes modernos; usa-se muito das charretes, sendo possível uma comparação com Pontos dos Volantes, no Vale do Jequitinhonha”, diz.
‘Casa Nômade’
Animados que são, Weil e Glória já têm tudo fechado para colocar, novamente, os pés na estrada. Desta vez, eles vão de caminhão ou melhor de “Casa Nômade” – nome do mais recente projeto. “Adaptamos um modelo Sprinter e o transformamos em uma casa, com geladeira, cama, guarda-roupas, placa de energia solar e até garagem para moto. A ideia é percorrer 30 países das três Américas num prazo de cinco anos”, conta Glória.
Esta expedição também será compilada para um livro e uma exposição. Mas, enquanto tudo não fica pronto, os usuários da web poderão acompanhar os passos do casal pelo blog acasanomade.com.br.
Lançamento do Livro “O Mundo em Minas”. Nesta terça-feira (11), às 18h30, no Memorial Minas Gerais Vale (Praça da Liberdade). Exposição fotográfica em cartaz até 27/9
R$ 160 mil foi o valor gasto para comprar e adaptar o caminhão sprinter, que levará o casal a 30 países das três américas