(VITRINE FILMES/DIVULGAÇÃO)
O título é “Muito Romântico”, mas não aquele romântico geralmente relacionado a gestos evidentes de afeto. Diretora e protagonista do filme, ao lado do marido Gustavo Jahn, Melissa Dullius explica que não se trata de ironia e que, dependendo do ponto de vista, a trama sobre o casal que viaja para Berlim e põe em xeque a relação e as próprias escolhas pode até ser “demasiado romântica”. Com exibição hoje no Cine Belas Artes, às 19h30, o longa-metragem é uma mistura de documentário e ficção, recorrendo a imagens caseiras que a dupla fez desde que saiu do Brasil, em 2006, em direção à Alemanha. “As pessoas veem no romantismo um certo idealismo, ligando a coisas que pertencem ao nível delas. O amor não se demonstra apenas com a paixão de novela”, assinala. Os personagens dividem as dificuldades de quem chega a um lugar novo em busca de desafios. “Há romantismo nessa disposição de aventura a dois, misturando a vida com a arte e com o trabalho”, completa Gustavo, que retornou a Berlim na segunda-feira, ao lado da esposa, após duas semanas participando da divulgação de lançamento do filme em várias cidades do Brasil. As primeiras imagens de “Muito Romântico” reproduzem a viagem de 22 dias que o casal fez em 2006, atravessando o Atlântico num cargueiro. “Partimos de acontecimentos e imagens concretos para fazer um filme de ficção, de invenção. Mudar de contexto é difícil. Mas quando você se força a se colocar num contexto novo, passa a ver tudo por outra perspectiva”, analisa Gustavo. Esse “futuro como uma folha em branco” também é uma maneira de expandir as percepções artísticas. O que os faz continuar em Berlim apesar de todas as dificuldades. “Como qualquer processo de mutação, é muito doloroso. Por isso achamos importante mostrar o reflexo disso na vida de duas pessoas que participam dessa mudança juntas”, destaca o diretor/ator. Para Melissa, a atmosfera do filme pode ser melancólica, deixando a entender que a relação não poderá ir para frente, mas ela prefere ver a história como uma fase de crescimento. “A história não é fechada e as pessoas podem ter olhares diferentes, mas em essência é sobre duas pessoas que batem com a realidade de frente, numa situação é que menos glamourosa do que se imagina”. Apesar de passar a maior parte do tempo em terreno germânico, o casal tem feito muitos trabalhos no Brasil. Com o diretor mineiro Tiago Matta Machado, eles participaram de “Os Residentes”, ganhador do Festival de Brasília de 2010.