(Ronaldo Gutierrez/Divulgação)
Um tapete, alguns objetos cênicos, jogos de luz, música ao vivo e Cássia Kis. Desta forma aparentemente simples, a obra do poeta Manoel de Barros 1916 – 2014) é revisitada no espetáculo “Meu Quintal é Maior Que o Mundo”, cartaz deste fim de semana em Belo Horizonte.
“A poesia e a prosa do Manoel são minimalistas. Eu não poderia encher o palco de tralha porque não precisava. Não é preciso enfeitar nada em Manoel de Barros, tudo está na palavra”, afirma o diretor Ulysses Cruz.
A presença única da atriz Cássia Kis em cena também tem sua razão. Idealizadora da peça, a artista é conhecedora profunda da obra do poeta mato-grossense e do próprio autor, com quem construiu amizade após troca de correspondência.
“Já faz mais de 30 anos que a Cássia me falava dele. Éramos jovens, comecei a lê-lo por conta dela. Ela o adorava e sempre dizia que queria fazer um espetáculo sobre o universo dele”, lembra o diretor.
O desejo, gestado durante anos, tomou forma – depois de várias tentativas – quando a atriz apresentou ao diretor o livro “Memórias Inventadas”.
“Quando li, percebi várias coisas e inventei três linhas dentro dele: o Manoel por ele mesmo, o Manoel na infância e na vida adulta. Essas três vertentes nortearam a construção da dramaturgia e serviram também para que eu conseguisse encaixar tudo aquilo que era pertencente a esses temas e deixar de lado, com dor no coração, o que não se encaixava”, explica o diretor.
Do livro, foram escolhidos 18 textos, apresentados na íntegra pela atriz no palco. Para Cruz, a produção é, além de uma homenagem à obra de Manoel de Barros, uma forma de apresentá-la a quem não a conhece.
“É tão difícil fazer o brasileiro ler, sobretudo o livro de um poeta. Então, a peça serve como uma introdução à obra dele. São poucos textos, mas todos são maravilhosos e sublimes. Tenho certeza de que o público ficará, sim, com vontade de conhecer mais, de reler ou de buscar outros poetas”, acredita.
Serviço
Espetáculo “Meu Quintal é Maior Que o Mundo”, sábado (12), às 21h, e domingo (11), às 19h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia). Ingressos de R$ 25 a R$ 60