CD de Lúcia Menezes faz resgate histórico da MPB

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
17/02/2017 às 18:04.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:35

O amor em suas diversas nuances e uma “melancolia boa” pautaram a escolha das canções que compõe o novo trabalho da intérprete cearense Lúcia Menezes, ou simplesmente Lucinha.

Intitulado “Lúcia” (Biscoito Fino), o álbum que contou com a produção de José Milton e arranjos de Cristóvão Bastos e João Lyra se mostra como um resgate histórico da MPB. “Tenho um acervo de 100 mil músicas. Gosto de resgatar compositores e também mesclar com canções mais atuais, para que não fiquem esquecidas”, elucida a cantora.

“A nova geração é muito rica. Temos Thaís Gulin, Roberta Sá, Maria Gadú, Ana Rosa, e muitas outras”

Entre as 14 faixas estão canções de compositores como Jorge Mautner, Luiz Gonzaga, Chico Anysio, João Donato e Chico Buarque – seu “gênio preferido” –, com quem divide os vocais em “Desencontro”. “Gosto de gravar música de qualidade”, atesta.

Outra presença marcante nesse trabalho é a da cantora Miúcha, irmã de Chico. Juntas, elas interpretam “Sonho de Marinheiro”, parceria de João Donato e Fausto Nilo.

Convite
O ídolo, ela mesma convidou. Radicada no Rio de Janeiro, Lucinha conheceu o compositor por acaso, em um estacionamento. “Me apresentei a ele e depois disso passei a enviar meus discos para sua casa”, rememora. Anos mais tarde conheceu Miúcha, em um estúdio. “Nós ficamos amigas. Quando estava preparando esse disco a convidei para cantar comigo. Ela aceitou na hora”, conta.

O contato com Chico foi feito por meio de seu produtor. “Mandei um e-mail todo brincalhão e esperei a resposta fazendo figa”, lembra. “Foi a realização de um sonho. Um privilégio”, comemora.

A cantora afirma que chegou, assim, ao ápice de sua carreira. “Depois deles (Chico e Miúcha) só se eu gravasse com Noel Rosa ou Édith Piaf. Mas não vai ser possível”, brinca.

Seu sexto álbum de carreira traz ainda gravações inéditas de “Enquanto Engomo a Calça” (Ednardo), “Esperança Vã” (Marcelo Tupinambá) e “Viola e Sanfona” (João Lyra e Paulo César Pinheiro). Para cada canção uma interpretação particular, que mostra a versatilidade da voz de Lúcia. Em momentos remete à época de Ouro do rádio, ao mesmo tempo que soa muito atual. “Faço o que a canção pede. Mas tenho passagem por coral lírico e ópera. O que me dá liberdade para essas mudanças”.

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