Cena cresce na capital com bandas autorais e casas especializadas

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
01/05/2015 às 08:15.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:51
 (Divulgação)

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O lançamento do terceiro disco de carreira da banda mineira Audergang – marcado para essa sexta-feira (1), no palco do Teatro Alterosa – pode ser visto, sim, como um sinalizador. A cena do blues vem ampliando seu poderio na capital mineira, arregimentando fãs das mais diversas faixas etárias. Desta vez, o Audergang aposta suas fichas em “Blues for the Blues” (independente), álbum autoral que inclui uma faixa que, já pelo título, comprova que o estilo está na veia do mineiro.

Com ares de liberdade e pitadas de experimentalismo, “Mineiro e Blueseiro” é um dos destaques do feixe de 12 composições. “A veia do disco é blues, mas nos permitimos sair do tradicional e experimentar outras coisas”, conta o guitarrista Auder Jr.

Outro ponto alto do disco é a faixa “When I Met”, que Auder compôs para contar de seu encontro com um ícone do blues, o cantor e guitarrista Johnny Winter, morto em 2014, aos 70 anos. O encontro entre a banda Audergang e Johnny ocorreu em 2010, quando os mineiros abriram o show do norte-americano no Chevrolet Hall. “Nessa canção mesclo nomes de músicas e de discos dele para aquecer a letra”, conta Auder.

Festivais

Aos 46 anos, o guitarrista é também um dos nomes por trás de outras iniciativas que valorizam o gênero na cidade: Auder é um dos curadores do “BH Soul Blues Festival”, que aconteceu em março, no Stonehenge. “Foi a sexta edição do evento, que ocorre três vezes ao ano”.

Para ele, a cena do blues na capital mineira tem se consolidado. “Estamos abrindo espaços. Tem mais união e profissionalismo entre os músicos. Ampliamos a cena e estamos trazendo gente de fora para tocar aqui. Há esse intercâmbio”, diz Auder, ressaltando que os festivais do gênero são produzidos, na maioria das vezes, pelos próprios músicos – poucos são os projetos viabilizados via leis de incentivo.

Outro músico que enxerga em BH um solo fértil para o blues é o guitarrista da Hot Spot Blues Band, Gustavo Andrade. O grupo, vale lembrar, está há 15 anos na estrada. Em tempo: além de músico, Gustavo também é produtor e está à frente de outro festival voltado para o gênero, o “BH Jazz e Blues” (evento anual, que teve sua terceira edição em março).

“Reunimos cinco mil pessoas de todas as idades no quarteirão fechado da Savassi”, celebra o músico e produtor, de 38 anos.

“Daqui uns anos, Belo Horizonte vai ser referência nessa área, pois os músicos estão se qualificando. Temos bandas de alto nível na cidade, além do blues ser um estilo popular e agregar outras tribos. O que se torna mais um ponto positivo para a cena”, Auder Jr, guitarrista da banda Audergang.


O guitarrista Gustavo Andrade está à frente do festival (Foto:Reinaldo Figueiredo/Divulgação)

Festivais e artistas de outros cantos do país aquecem a cena

Para Gustavo Andrade, o blues em Belo Horizonte se divide em duas épocas. A primeira foi nos anos 90 com o primeiro festival ocorrido na cidade, o “BH Blues Festival”, que, de acordo com o guitarrista, reuniu oito mil pessoas na Savassi e foi promovido pelo antigo Blues Bar. A partir disso, os músicos foram pesquisando mais sobre o gênero.

“A segunda época em que houve um boom no cenário do blues foi em meados de 2005 até hoje”, avalia Andrade, que afirma que o gênero vem crescendo e tem músicos qualificados e condições para expandir com mais intensidade. “Temos também muitas mulheres interessadas por blues”, diz, lembrando que BH tem o festival “Divas & O Blues”.

Quem agradece toda essa efervescência são os fãs do estilo, como o proprietário do Barracão Antiguidades e Arte, em Brumadinho, Marcos Kaoy, de 49 anos. Ele aprecia tanto o blues que, duas vezes por mês, transforma sua loja em um bar e convida bandas do gênero para dar o tom no local. “A cena cresceu muito nos últimos três anos. Tem vindo muita gente de outras partes do Brasil e de fora do país para tocar em BH. As próprias casas de show estão abrindo espaço”, comemora Kaoy, que nas horas vagas se arrisca na gaita.

Outro entusiasta do gênero considerado “pai do jazz” é o administrador Flávio dos Santos. “Frequento muito casas de show que tocam esse estilo de música que aprendi a gostar com o meu pai. Além dos festivais que a cidade recebe. Realmente tem opção para quem gosta do gênero”, afirma o moço de 32 anos.

Por falar em opções, uma delas é a casa Santa Praça, no bairro Santa Tereza, que abre as portas para o estilo e músicos da cidade. Toda quinta-feira é dia de blues no estabelecimento, inaugurado em 2014. O proprietário do local, Daniel Carvalho, diz que tem planos para expandir o negócio. “Tenho trazido grandes bandas para a casa e quero aumentar o fluxo”.
 

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