(Joana Velozo)
Um ditado popular prega que “há sempre um chinelo velho para um pé cansado”, já a autora Silmara Rascalha Casadei escolheu Chinelinha (nem jovem nem idosa) que faz de tudo para arrumar um namorado, e protagonista do livro “Chinelinhos do Brasil” (Cortez Editora).
Professora, mestre e doutora em educação pela PUC- SP, Silmara que é autora de mais de 30 livros infantojuvenis, costuma buscar inspiração nos fatos de seu cotidiano e, um dia, uma criança usando um chinelinho enfeitado durante a aula de natação chamou a atenção da autora.
“Chinelinha é uma alusão à diversidade brasileira, à descoberta de nossa própria identidade. Não é à toa que este modelo de calçado é conhecido no mundo todo e representa bem o Brasil”.
A narrativa, que na verdade cumpre o papel de discutir a atribuição de padrões de beleza e como a sociedade recorre a diversos meios para alcançar um modelo estético imposto, ganha tom lúdico através das ilustrações da recifense Joana Velozo. Dona de um ateliê que leva seu nome, local onde cria desenhos, livros, carimbos e cadernos artesanais, a ilustradora utilizou retalhos de tecido colorido para fazer colagens e dar vida a escarpins, sapatilhas, botas e à personagem Chinelinha.
PAR PERFEITO
As experiências da pequena “chinela de dedo”, que sonha com seu chinelinho encantado e acredita que somente beleza é fundamental, são o mote para a autora falar de autoestima. No início da história, a protagonista procura por um “belo” e “perfeito” par de calçado. Como não o encontra, tenta modificar um pobre de um chinelinho que, de início, topa se ajustar às exigências de Chinelinha.
A relação, claro, não dá certo e Chinelinha passa a usar todo e qualquer artifício para chamar a atenção: de peruca rosa-choque até se sacrificar em cima de um salto alto. Depois de tantas tentativas, será que Chinelinha encontra seu grande amor?